Os 35 vereadores eleitos em 1º de outubro, o prefeito reeleito Cassio Taniguchi (PFL) e o vice-prefeito Beto Richa (PTB) foram oficialmente empossados ontem, no palácio Rio Branco, sede da Câmara Municipal de Curitiba. Os discursos da cerimônia deram uma mostra de como deve ser o relacionamento entre vereadores e prefeito a partir de 15 de fevereiro: nenhuma sintonia entre Executivo e oposição, que cresceu em relação ao mandato anterior.
Mas a base de sustentação do governo, majoritária, tendo pelo menos 25 vereadores, deve garantir votações tranquilas em favor de projetos do interesse da administração. A primeira votação polêmica deve ser sobre a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar contratações sem licitação pela prefeitura.
Em seu discurso, Cassio reafirmou a ambição de transformar Curitiba na capital social do Brasil. Paulo Salamuni (PMDB), vereador da oposição, pediu mais transparência da administração e rigor na fiscalização por parte dos vereadores. Ele fez o discurso de posse em nome dos vereadores. Salamuni ressaltou a necessidade de ampliar a fiscalização sobre o poder público para combater a corrupção e melhorar a qualidade dos serviços.
O prefeito falou sobre a importância de ampliar as políticas públicas voltadas ao combate aos bolsões de pobreza da cidade. Ele disse que a miséria não pode ser explorada em campanhas eleitorais. "Essa é uma causa que não tem partido ou ideologia, precisamos combater juntos o bom combate contra os bolsões de miséria que existem em Curitiba."
Depois das posses na Câmara Municipal, Cassio nomeou todos os 26 integrantes do primeiro escalão de seu governo. Hoje, às 16 horas, acontece a eleição para Mesa Executiva da Câmara Municipal na gestão 2001 e 2002. Dois candidatos disputam a vaga de presidente. O atual presidente, João Claudio Derosso (PFL), que quer a reeleição, e o candidato da oposição, vereador Natálio Stica (PT).
Para melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados à população carente, Cassio informou aos vereadores que está reduzindo a burocracia da administração. "Temos que atender as demandas na ponta e gastar menos energia com os procedimentos administrativos", informou. Ele defende um trabalho integrado entre agentes comunitários, vereadores, lideranças de bairros e voluntários para reduzir os bolsões de pobreza existentes em Curitiba. "Não podemos pactuar com a exclusão dessas pessoas, temos que recolocá-las na sociedade", completou.
O prefeito de Curitiba disse ainda que sua administração está em acordo com o que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal desde 1998, portanto, antes da legislação que pune prefeitos que gastarem mais do que arrecadam ser sancionada. A dívida oficial do município é de R$ 300 milhões. "Temos condições de mantê-la, pois o serviço da dívida é baixo, representa cerca de 3% das receitas da prefeitura".
O vereador Salamuni antecipou que uma de suas primeiras propostas será instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a contratação de uma cooperativa de trabalhadores pela prefeitura sem licitação. A denúncia foi feita pelo Ministério Público no ano passado. "O requerimento dessa CPI será importante porque mostrará quem realmente faz parte da oposição e quem não faz", afirmou.