Os sobressaltos causados pela Justiça nas regras das eleições poderiam ser evitados se o Congresso tivesse regulamentado o processo eleitoral. Essa é a avaliação de deputados paranaenses sobre o fim das candidaturas natas e a verticalização das alianças.
O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, na quarta-feira, o privilégio dos deputados, que tinham candidatura nata. Agora, eles têm que disputar convenção para serem candidatos. A norma vai valer nas eleições deste ano.
A candidatura nata foi questionada pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, em ação direta de inconstitucionalidade. Segundo o presidente estadual do PMDB, senador Roberto Requião, a ação de Brindeiro foi baseada em uma consulta sua. ''O fim da candidatura nata é saudável. Ao invés de reforçar a cúpula, reforça a base'', analisou.
''A inanição do Congresso, que não regulamentou a vida política, levou o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a tomarem essas decisões'', protestou o deputado José Maria Ferreira (PDT). Foi o TSE que determinou a verticalição, atrelando as alianças estaduais aos acordos nacionais.
Ferreira apontou o lado positivo do fim da candidatura nata. ''Fortalece a disciplina partidária''. A opinião é compartilhada pelo pefelista Durval Amaral.
Para o presidente estadual do PDT, Nelton Friedrich, parte da culpa é do Congresso, mas o maior culpado é o governo federal. ''O governo deveria ter feito as reformas política e tributária''. ''Mas é bom para estreitar a convivência do parlamentar com o partido'', completou.
''Os partidos não vão poder falar uma língua e o deputado outra, senão ele não terá o respaldo da legenda'', avaliou o deputado Cézar Silvestri (PPS). Os deputados terão que evitar confrontos com as direções dos partidos, para não correrem o risco de ficarem sem candidatura.