Policiais do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) cumpriram seis mandados de busca e apreensão em endereços de suspeitos de terem furtado dados de computadores da prefeitura de Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba.
Segundo as investigações, no último dia 3 de dezembro, sistemas importantes do município usados para controlam as finanças, folha de pagamento e consultas do SUS pararam de funcionar.
Rapidamente, técnicos da prefeitura local fizeram uma verificação nos equipamentos e constataram que os servidores estavam sofrendo um ataque via internet, sendo forçados a desligar a rede para evitar que mais dados fossem furtados.
Após isso, diante da necessidade emergencial de recuperação daqueles dados, um funcionário terceirizado da prefeitura indicou uma empresa que prestava serviços de recuperação dos dados em servidores de rede. Contudo, após essa empresa realizar os serviços e avisar que tinha recuperado 90% dos dados perdidos, exigiu o pagamento de R$ 80 mil, valores fora da realidade de mercado, o que levou a Procuradoria do Município a vetar qualquer contratação.
O que parecia ser uma mera desavença, levantou suspeitas do envolvimento nos ataques do técnico terceirizado e da empresa por ele indicada, já que essa mesma empresa devolveu os equipamentos zerados e com bloqueios técnicos que impediam que os dados mesmo anteriormente apagados fossem recuperados, exigindo o pagamento imediato dos R$ 80 mil para entregar os 90% dos dados recuperados.
Para o delegado titular do Nurce, Robson Barreto, os indícios que pesam contra os investigados chamam atenção. "Uma vez que a prefeitura não aceitou o orçamento, competia a empresa devolver os equipamentos do jeito que encontrou e não tomar os dados para si, criando bloqueio definitivo para essa recuperação, inviabilizando a contratação de outra empresa ou que próprios técnicos municipais fizessem a recuperação. E pior, passaram a exigir R$ 80 mil para entregar os dados, sujeitos a responderem pelo crime de extorsão", disse.
Uma perícia contratada pelo município comprovou que após os dados serem recuperados, houve uma ação técnica complexa para impedir qualquer nova restauração nos equipamentos.
"Tendo em vista a familiaridade do técnico terceirizado que conhecia da rede da prefeitura, o fato dele ter indicado de pronto a empresa que recuperaria os dados e ainda pelo fato dele comparecer com os prestadores de serviço que exigiram o dinheiro, suspeitamos que tanto ele como os prestadores foram os autores do furto. A evolução da investigação pode comprovar esse envolvimento", afirmou o delegado.
Se condenados pelos crimes de exclusão de dados da administração pública e extorsão, os responsáveis pelo ataque à rede da prefeitura podem pegar penas de 2 a 12 anos de reclusão.
Além dos mandados de busca e apreensão, foi solicitado a Justiça a decretação da prisão temporária dos suspeitos Arthur Rafael da Costa (sócio da empresa GHB Net Suporte Técnico Ltda, com sede no bairro Mercês, em Curitiba), Erielson José dos Santos (técnico terceirizado da Prefeitura que indicou a empresa) e Luiz Carlos Roth (proprietário da empresa Encripte), mas mesmo com o parecer favorável do Ministério Público, a 2.ª Vara Criminal de Almirante Tamandaré negou os pedidos.