A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, vinculada ao Ministério Público Estadual, recebeu pedido do diretório estadual do PMDB para defender na Justiça a suspensão de peças publicitárias produzidas pelo governo do Estado sobre a privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel). São duas inserções veiculadas nas emissoras de tevê locais que atacam os adversários do leilão da estatal de energia, marcado para o dia 31 de outubro.
Elas são protagonizadas por atores que encarnam estudantes, sindicalistas e militantes de partidos de esquerda. Todos caracterizados como mal vestidos, bêbados e descomprometidos com o trabalho. Com caretas, gritos e frases de efeito, fazem críticas ao governo.
Na tela, os estudantes aparecem numa sala transformada em assembléia. A decisão de suspender a aula é motivo para festa. Todos sobem nas carteiras e jogam papel picado para o alto. A propaganda tenta flagrar uma contradição no discurso dos opositores: eles passam o dia comunicando-se por telefones celulares da privatizada Telepar para articular os protestos contra a venda da Copel. Outros aparecem jogando sinuca, deitados e sentados sem nenhuma discrição com os pés sobre mesas e cadeiras.
Em nota oficial, o diretório do PMDB acusou o governo de criar propagandas "discriminatórias, preconceituosas e com claros elementos que lembram os piores momentos da humanidade: o fascismo e o nazismo". O Palácio Iguaçu não quis polemizar. Segundo a Secretaria de Comunicação Social, o governo só vai se manifestar quando for intimado pela Justiça. Em Brasília, o secretário chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, defendeu o conteúdo do material publicitário.
"O governo fez convicto de que está cumprindo seu dever de informar a população", disse Guerra. Na nota do diretório peemedebista, o governo é acusado de manipular o debate sobre o futuro da Copel, buscando "instalar na mente dos paranaenses uma visão maniqueísta do mundo: o governo é o bem, a oposição é o mal".
A nota do PMDB insinua ainda que a propaganda foi inspirada em programas políticos do ditador chileno Augusto Pinochet. "Os comerciais de Pinochet também personificavam os oposicionistas como baderneiros, barbudos, bêbados, sujos e mal-encarados." Os peemedebistas reclamaram que a campanha de reeleição do prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi (PFL), apoiada pelo governo do Estado, usou a mesma estratégia na eleição do ano passado.