Política

Plantio de coca na Bolívia tem oposição dos EUA

21 jan 2006 às 16:32

Para cumprir a promessa de campanha de regularizar o plantio da coca na Bolívia, o presidente eleito Evo Morales, do partido Movimento ao Socialismo (MAS), terá que enfrentar os Estados Unidos e convencer os organismos internacionais sobre a diferença entre o plantio e a fabricação da cocaína.

Morales, que é dirigente cocaleiro, defende que a folha de coca é um recurso natural que pode ser usado como alimento, medicamento e ritual indígena.


Os Estados Unidos dizem que a Bolívia faz parte do "eixo do mal" por ser o país que mais planta coca no mundo. O presidente norte-americano, George W. Bush, sustenta que o tráfico de cocaína é um dos patrocinadores de grupos terroristas.


Um acordo feito entre o governo norte-americano e o boliviano limitou o cultivo da coca no país e criou a Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico. Hoje, a Bolívia tem 22 mil hectares de plantação legalizados, divididos em duas regiões: em Los Yungas, o cultivo é permitido até 12 mil hectares, e o restante, em Chapare.


No dizer do senador Antonio Peredo Leigüe (MAS), a força de combate ao narcotráfico "foi formada, na verdade, para erradicar os cocaleiros". "Os Estados Unidos querem controlar a produção porque os custos da luta contra o narcotráfico, em seu próprio país, seriam altíssimos", diz. Segundo ele, 60 mil famílias cultivam a coca no país. "A erradicação total significaria 60 mil famílias expulsas sem nenhuma possibilidade de desenvolvimento", afirma.


Para o deputado Pablo Banegas, do Partido Poder Democrático Social (Podemos), que faz oposição a Morales, "nunca" haverá uma solução para o narcotráfico, assim como "não há um plano completo para dizer como vai se erradicar o consumo ilegal de coca". "Porque Morales não vai reprimir aqueles que lhe apoiaram e sempre foram seu sustento para viver politicamente. Não vai ter um plano contra esse dinheiro [do narcotráfico] que é tão fácil de conseguir e que não há controle".


O senador Leigüe, o cultivo no país está "internacionalmente penalizado". "A Argentina, por exemplo, proibiu a importação e não cultiva a coca em nenhuma parte. No entanto, no norte do país, o consumo é permitido e a coca em saquinhos de 50 gramas é vendida nas lojas", observa.


O objetivo de Morales é estabelecer, na Organização das Nações Unidas (ONU), qual é a demanda da planta na Bolívia para então chegar à quantidade necessária de plantio. "A erradicação do narcotráfico não tem que passar pela erradicação da coca, como pretende os Estados Unidos, proibindo o seu cultivo", diz o senador. "Uma coisa é a planta, o produto agrícola. Outra coisa é o processo de fabricação da droga", avalia.

Com informações da Agência Brasil


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