A Polícia Federal protocolou esta semana na Justiça um novo pedido de prisão preventiva dos ex-prefeitos Paulo Maluf e Celso Pitta e de Flávio Maluf. Eles são acusados de atrapalhar as investigações com ameaças, subornos e ocultação de provas. A lista de crimes atribuídos a Paulo Maluf é oceânica. Tem de tudo. Pede-se também buscas e apreensões na casas e nas empresas dos indiciados.
Não é o primeiro pedido de prisão nesse processo, mas desta vez surgiu um novo componente: enquanto o acusado era grampeado, seus acusadores eram grampeados também.
O ex-prefeito nega a autoria das escutas. Teria sido procurado pelo advogado carioca Jorge Serpa, a pedido de quem recebeu o empresário José Carlos Kalil com a oferta de venda dos grampos. Na primeira abordagem, a oferta foi de grampo de conversas entre o promotor Sílvio Marques e o ex-vereador Armando Mellão. Na segunda, diálogos de uma suposta "assessora do governador" com um jornalista, ambos, aparentemente, interlocutores regulares dos representantes do Ministério Público que conduzem o inquérito.
Para mostrar a qualidade do produto, os vendedores teriam dado ao ex-prefeito as transcrições degravadas das fitas. As conversas mostram negociações para conseguir mais acusações e testemunhas contra Maluf e um acerto para transformar a prisão do ex-prefeito em um mega-espetáculo global.
Em um dos diálogos, revela-se uma possível tática. Como a juíza do caso, Sílvia Maria Rocha tem sido dura na concessão dos pedidos da acusação, o pedido de prisão seria apresentado em suas férias. "Não comente nada" - diz um jornalista à suposta assessora do governo do estado - "eles estão esperando a juíza que está lá sair de férias, ela não dá nada, aí eles vão ao substituto e consegue na hora, vai ser uma coisa feita de surpresa - cara ele me mostrou lá que o que já está confirmado de dinheiro do Maluf no exterior são quatrocentos milhões de dólares!!".
Serpa negou qualquer participação no episódio.
As informações são da revista Consultor Jurídico desta sexta-feira (02).