O governador do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB), disse hoje, em entrevista coletiva, que ainda espera ser chamado para um cargo de "primeira linha" no governo federal. "Sempre foi dito pelos companheiros do PMDB e pelo próprio Michel Temer (vice-presidente eleito) em comício na Boca Maldita (local no centro de Curitiba) esperar contar conosco em um cargo de primeira linha", afirmou.
Ele acentuou entender como "fato normal" não ter sido chamado para um ministério. "Mas pudemos conversar para alguma função dentro do governo federal em uma das estatais", ponderou. "Tem cargos de segundo escalão que são mais importantes que alguns ministérios."
Pessuti ressaltou que não houve detalhamento sobre o cargo que poderia ocupar. "Se fala em Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Itaipu, Correios, alguma diretoria na Petrobras, Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil e Ministério Extraordinário da Copa", enumerou.
Segundo o governador, a reivindicação não é particular, por isso se contentaria se algum paranaense que apoiou a presidente eleita Dilma Rousseff no Estado fosse chamado. "Procuramos o reconhecimento do Paraná", disse. O Estado manteve o ministro Paulo Bernardo no primeiro escalão, que saiu do Ministério do Planejamento para o das Comunicações, mas perdeu a vaga da ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes.
Pessuti havia colocado seu nome como pré-candidato ao governo do Estado pelo PMDB, mas abriu mão da pretensão após conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em nome de uma aliança entre partidos da base do governo federal, com o senador Osmar Dias (PDT) como candidato. "Não houve nenhum acordo, nenhuma obrigação de que ficaria com algum cargo garantido", afirmou.
Segundo ele, o processo de negociação realizado no Paraná contribuiu para que as forças da base federal se unissem em Minas Gerais. "Esperamos o reconhecimento que pode ser para nós ou para algum companheiro", disse.
Eleições 2014
Independentemente de conseguir o cargo pleiteado, Pessuti lançou a pré-candidatura ao governo do Estado. "Nunca desisti de ser candidato a governador e mantenho a disposição", ressaltou. "Se não fui agora, certamente serei em 2014."
Funcionário concursado da Secretaria de Estado da Agricultura, ele disse que terá, a partir de janeiro, um cargo e um salário do governo estadual. Politicamente, pretende atuar na reorganização do PMDB no Paraná.
Eleito vice-governador em 2002 e reeleito em 2006 na chapa encabeçada por Roberto Requião (PMDB), Pessuti assumiu o governo em 1º de abril deste ano com a desincompatibilização de Requião para disputar e ser eleito senador.
Contas
Ele disse hoje que os vencimentos de todos os funcionários públicos, inclusive passivos de promoção e progressão para professores que estavam pendentes desde 2009, foram quitados. "Fechamos bem o ano, a totalidade dos salários foram pagos", afirmou.
Mas destacou que não ficarão recursos em caixa. "Não tivemos dinheiro para tudo fazer, mas felizmente honramos com o que é essencial", reforçou. "O Paraná está em situação privilegiada, pois não tem déficit em suas contas, é equilibradíssimo do ponto de vista financeiro e de gestão administrativa."
Apesar disso, a equipe de transição do governador eleito, Beto Richa (PSDB), fez uma avaliação e acredita que assumirá o governo com rombo de R$ 1,5 bilhão nas contas.