A discussão sobre a venda da Copel chegou oficialmente à Boca Maldita, em Curitiba, ontem pela manhã, com a instalação do painel criado pelo Fórum Popular Contra a Venda da Copel, onde estão afixados os nomes dos deputados a favor, contra e indecisos sobre a questão. Populares acompanharam a montagem do placar, enquanto um animador pedia aplausos aos políticos que são contra e execrava os favoráveis. Nas banquinhas ao redor, manifestantes colhiam assinaturas da população, procedimento que tem sido adotado há quase duas semanas.
"Acreditamos que estamos conseguindo os objetivos", disse Jefferson Sepeca, coordenador do fórum e presidente do Sindicato dos Eletricitários. "Nosso interesse é que os eleitores saibam o que o deputado está fazendo, como ele se posiciona num momento de relevância como este. No interior do Estado ele diz uma coisa para seus eleitores, na capital faz outra: queremos mostrar como ele se comporta aqui", acrescentou.
Milhares de folhetos contendo a posição do painel começaram a ser distribuídas ontem à população. Entidades de classe dispuseram-se a reproduzí-las e deverão formar uma rede de difusão a partir de hoje. As últimas adesões nesse trabalho envolvem os diretórios acadêmicos da UFPR e PUC. Adesivos do movimento também estarão circulando entre os caminhoneiros, após o pedido de 20 mil unidades por uma das alas do sindicato classista.
"O governo não quer ouvir a voz do povo. Se o povo diz "não" à venda, por que o governador persiste nessa posição?", indagava Stanislaw Gramowski, diretor do Sindinel, apontando para as centenas de assinaturas solicitando revogação da medida e plebiscito sobre a privatização. "O Paraná constrói usinas, financia, alaga terras, perde áreas de agricultura, perde empregos para quê? Enfim, o governo não quer transparência. Só sabemos que quem levar a Copel ficará também com nossos reservatórios de água", frisou. Tanto o governo estadual quanto o federal negam que esteja em risco a perda do direito sobre as águas.
O desdobramento da campanha contra a privatização prevê caminhada ecumênica entre os dias 12 a 14 de maio, com a presença de 50 mil pessoas. Também deverão ocorrer serenatas nas residências dos deputados favoráveis. Em Maringá, por exemplo, ocorrerão serestas nas casas dos deputados Ricardo Maia (PSB) e Serafina Carrilho (PL). Até agora a situação mantém-se com 26 deputados contra, 19 a favor e nove indecisos. Para revogar a lei 12.355/98 são necessários 27 votos.