Os organizadores do Tribunal dos Crimes do Latifúndio pretendem cobrar do governo do Estado uma justificativa pelo uso do dinheiro público para se defender da sentença proferida anteontem. "O governador não quis participar do tribunal, mas gastou recursos do contribuinte para publicar uma suposta defesa nos jornais em Curitiba", afirmou a advogada Teresa Cofré, da Rede Nacional dos Advogados Populares (Renap). De acordo com ela, o Estado desembolsou cerca de R$ 90 mil. Mas a assessoria de imprensa do Palácio Iguaçu disse que os gastos obedeceram todas as normas legais.
A advogada disse que a despesa do governo estadual foi superior ao que se gastou na organização do tribunal. Segundo ela, o eventou custou R$ 50 mil, divididos em passagens, hospedagens e infra-estrutura (como aluguéis de equipamentos de som e palco).
O secretrário executivo da Comissão Pastoral, Jelson Oliveira, disse que o dinheiro foi arrecadado entre as entidades que participaram do evento. Porém, ainda falta dinheiro para quitar todos os gastos, que vencem neste fim de semana. "E o dinheiro do contribuinte é gasto pelo governo estadual de maneira errada", acrescentou Teresa Cofré.
Para Teresa, os anúncios publicitários mostram que o Palácio Iguaçu "reagiu com medo à manifestação das entidades sociais". "Para quem não estava interessado com assunto, o governo deu muita importância ao resultado do tribunal", disse.
Críticas
Não foi só o governo estadual que não gostou da sentença. O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PTB), disse que não pode validar a decisão do julgamento. "Se nem a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) apoiou este movimento, não vai ser a Assembléia Legislativa que vai legitimar essa reunião", declarou. Brandão declarou que havia interesse da presidência da assembléia em participar do tribunal, mas na última hora mudou de idéia. "Quando entidades como a OAB, que é uma das mais respeitáveis do País, estão de fora, algo não está certo", complementou.
Já o presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (AMP), o juiz Jorge Massad, disse que não pode aceitar a generalização de acusações contra o Judiciário. "Quando há denúncias contra magistrados a Corregedoria de Justiça é a primeira a apurar e punir as irregularidades", afirmou. O juiz disse que se o Tribunal Internacional dos Crimes do Latifúndio tinha casos concretos de abuso de juízes tinha um dever moral de denunciar. A Folha procurou também a presidência do Tribunal de Justiça, mas ninguém se pronunciou sobre o assunto.