Dez anos depois de vir à tona o escândalo Ama-Comurb, que lesou os cofres de Londrina por meio de fraudes em processos licitatórios - relatadas em mais de 70 ações cíveis e criminais -, um grupo que vem se articulando há seis meses lança, nesta terça-feira, as bases daquela que pretende ser uma ferramenta de fiscalização justamente das licitações realizadas pelo poder público local.
Trata-se do Observatório de Gestão Pública de Londrina, entidade que será composta por instituições de classe e empresas particulares e que tem por objetivo, segundo seus fundadores, obter a eficiência dos gastos públicos a partir do monitoramento das contas por meio do acompanhamento das licitações em tempo real.
O novo grupo é inspirado no Observatório Social de Maringá e de outros observatórios Brasil afora. A solenidade de fundação será às 20 horas no auditório da Associação Comercial e Industrial de Londrina. A atuação começa no dia seguinte.
Voluntário na entidade, o presidente empossado será o advogado tributarista Waldomiro Grade, funcionário aposentado da Receita Federal. De acordo com ele, o Observatório focará não apenas as licitações em curso - tanto da Prefeitura quanto da Câmara de Vereadores -, como também a execução do contrato, sobretudo no que se refere à entrega e à utilização dos produtos adquiridos com o dinheiro público e a publicidade sobre os editais a fim de que a concorrência nos certames seja sempre a maior possível. ''Será por amostragem, mas, à medida em que os trabalhos iniciem, isso será aumentado de acordo com nossa estrutura e capacidade''.
Além de voluntários, as atividades Observatório serão desenvolvidas também por pessoal contratado com as custas bancadas pelos parceiros da iniciativa. A equipe passará por treinamentos técnicos graduais e, além de uma diretoria, contará com um conselho consultivo integrado por autoridades do Judiciário, Ministério Público e da área trabalhista.
A participação no Observatório é aberta a cidadãos não filiados a partido político. ''Não queremos essa conotação de interesse político. Já houve entidades que começaram criticando a administração, mas que enveredaram pela política. Nosso trabalho tem que ser técnico, mas também ético'', definiu Grade.
Indagado sobre qual a receptividade que espera do cidadão londrinense, Grade aposta no senso de fiscalização que o Observatório espera despertar no cidadão comum, sensibilizando-o à exigência de seus representantes por procedimentos corretos na vida pública. ''Esperamos despertar a comunidade também a sua responsabilidade'', disse.