Após longo impasse, a greve dos servidores estaduais pode estar perto do fim. Depois de demoradas reuniões ontem, o governo do Estado, juntamente com deputados estaduais da base aliada e da oposição, apresentou mais uma proposta (já com o aval do Executivo) para os representantes das categorias mobilizadas. Na prática, é um plano de reajuste salarial para os próximos três anos.
Segundo a nova alternativa, em outubro deste ano seria pago o índice de 3,45%, que é referente à inflação entre os meses de maio, quando vence a data-base da categoria, a dezembro de 2014. Em janeiro de 2016, os servidores receberiam um novo aumento com a inflação acumulada em 2015 (estimada em cerca de 8,5%), mais um ponto percentual. A mesma medida será tomada em janeiro de 2017. Em maio de 2017, os servidores podem receber um novo reajuste, em relação ao primeiro quadrimestre do ano (janeiro a abril). Em 2018, a data-base voltaria para o mês de maio, quando seria paga a inflação acumulada no último período.
A proposta foi entregue ao Fórum das Entidades Sindicais (FES) que deve convocar uma assembleia geral até a próxima segunda-feira para que a categoria decida sobre o fim ou não da paralisação que já dura quase 40 dias. Há dois dias, o governador Beto Richa (PSDB) havia se pronunciado e afirmado que não haveria mudança sobre o reajuste. No entanto, voltou atrás atendendo um pedido feito pelos parlamentares da base aliada.
A proposta anterior do governo e que chegou a ser encaminhada à Assembleia Legislativa (AL) foi criticada pela maioria dos parlamentares. Ela propunha 3,45% de correção relativa à inflação de maio a dezembro de 2014, parcelada em três vezes (1,15% em setembro, 1,15% em outubro e 1,15% em novembro), mais uma correção da inflação de 2015, estimada em 8,5%, em janeiro de 2016. Os grevistas defendiam o pagamento dos 8,17% em única parcela, mas nas últimas semanas, viram que a possibilidade do índice ser concedido era praticamente nula.
De acordo com Marlei Fernandes, coordenadora do FES, ainda não dá para adiantar nada sobre um possível fim da paralisação. "Não é a proposta que nós queríamos, mas é uma proposta que será avaliada com todas as categorias. Temos que fazer uma avaliação conjunta sobre o fim da greve, não cabe a um dirigente dizer isso, o conjunto da categoria é que decide. Nossa decisão é sempre coletiva", se limitou a comentar.
OTIMISMO
O otimismo, entretanto, já tomou conta dos corredores da AL. Segundo alguns parlamentares ouvidos pela reportagem, e que participaram dos encontros de ontem, é grande a expectativa de que o ano letivo possa ser retomado já na próxima semana.
O presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), ressaltou o trabalho intenso feito por todos os parlamentares na busca por um entendimento sobre a questão, e a acredita que o fim da greve está próximo. "Todo mundo sai desgastado deste processo. O governo, os deputados e o movimento grevista, sem dúvida", afirmou.
Segundo o líder do governo na AL, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), a proposta apresentada é uma solução até 2018, com uma regra clara e sem nenhuma condicionalidade. "Ela garante a plena correção dos salários dos professores e nenhuma perda financeira. Foi uma proposta foi construída para dar solução às greves. É uma forma de tentar pacificar e fazer o Estado voltar à normalidade", destacou. Questionado se o governo terá garantias para cumprir o que está previsto, Romanelli reforçou que "graças às medidas duras e impopulares, o governo terá receita para fazer frente às despesas". Ainda de acordo com ele, esta é a última proposta do governo.
Conforme o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT), a alternativa é um avanço em mais de 20 dias em que as negociações foram encerradas pelo Executivo. "Se não é tudo o que se pretendia neste ano, também não há perdas para as categorias. Isso é importante para os trabalhadores do Paraná. A pior situação seria um reajuste que deixasse percentuais pendentes. Vimos que o problema não é financeiro, mas político. Há que ter vontade política", ressaltou.