Questionada por alguns setores da indústria devido ao baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e à dificuldade de controlar a inflação, a presidente Dilma Rousseff defendeu, na sabatina da CNI, a política industrial adotada pelo governo e disse que seguirá buscando o diálogo com o setor empresarial. "Não concordamos com tudo, mas nos respeitamos e continuaremos fazendo o embate técnico e político", afirmou. "Assumo o compromisso de discutir as 42 propostas encaminhadas pela CNI", completou.
A petista prometeu perseguir, em um eventual segundo mandato, uma reforma tributária abrangente, mesmo quando a conjuntura não for a mais favorável. Os principais pontos, segundo ela, serão a simplificação, a não desburocratização e a não cumulatividade dos tributos. "Temos consciência de que urge a simplificação do PIS/Cofins, por exemplo. Mas não adianta prometer. Há que se dar os votos para que possamos fazer essas mudanças, até porque vocês sabem que elas já estiveram perto de serem aprovadas". Dilma disse, por outro lado, que acredita ser mais fácil negociar com o Congresso os pontos um a um do que aprovar a reforma integral de uma só vez. "Mas iremos tentar sistematicamente as duas linhas, em paralelo, sem prejuízo uma da outra".
Ao ser interrompida pela mediadora do evento, devido ao esgotamento do tempo, a presidente se justificou, dizendo que estaria em situação diferenciada, por ter de dizer também o que fez. "E se eu fiz, eu tenho capacidade de fazer". Em seguida, a organização da sabatina explicou que as condições foram acordadas previamente e que, independentemente das situações dos candidatos, seguiam a orientação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre os feitos de sua gestão, ela exaltou os investimentos no pré-sal, cujo fundo social "permitirá um salto na educação", e no Pronatec, "que contribui para aumentar a produtividade e reduzir custos". A candidata à reeleição afirmou ainda que o Brasil possui hoje "a menor taxa de juros da história recente da República, "mesmo com tudo o que nós enfrentamos nos últimos tempos". "Estamos construindo uma base sólida. E vamos entrar num novo ciclo, de competitividade produtiva".
Redução de ministérios
Em coletiva ao final do evento, Dilma rebateu a declaração de Aécio Neves de que cortará pela metade o número de ministérios. "Posso discutir os ministérios no meu governo atual. Se não tivéssemos a secretaria da micro e pequena empresa, não teríamos aprovado o Simples Nacional", exemplificou, citando ainda as pastas de direitos humanos e das mulheres como responsáveis por implementar políticas públicas importantes. "São com essas secretarias que querem acabar? Os ministérios da Fazenda, da Saúde e da Educação não pode ser. Então me digam quais que eu discuto atentamente".
Ela também negou que haverá um aumento nas tarifas de energia elétrica depois das eleições, como seus adversários têm afirmado. "Essa história é mais um movimento de instaurar o pessimismo, as expectativas negativas. É sem sombra de dúvidas um primo irmão da tempestade perfeita e do racionamento, profecias que não se realizaram nem se realizarão".
Sobre a flexibilização das leis trabalhistas, outra questão que consta no programa apresentado pelos empresários, a presidente defendeu um diálogo aberto entre o setor, o governo e os trabalhadores. No entanto, garantiu que não permitirá a precarização do trabalho nem o fim de conquistas históricas, como o 13° salário. "Esse País é uma democracia. É fundamental que essa discussão passe por uma mesa de negociação, tendo em vista a obtenção de un consenso".