O movimento de esposas de policiais militares começa a expandir o protesto, iniciado no domingo à noite. Na madrugada desta terça-feira elas acamparam na frente 17º Batalhão, em são José dos Pinhais, que é responsável por 22 municípios da Refgião Metropolitana de Curitiba. Elas chegaram à 1 hora da manhã, e só permitem a entrada dos policiais, mas não sua saída.
As mulheres garantem que não irão desocupar o local enquanto o governo não responder à principal reivindicação: o fim das punições aos militares que participaram da greve encerrada no último dia 21 de maio. As mulheres garantem que o movimento é pacífico, e que também serve como lembrete do término do prazo para que o governo apresente proposta de aumento salarial para a categoria.
Segundo as mulheres acampadas, termina no próximo sábado o prazo para que o governador Jaime Lerner se manifeste sobre o aumento de 38% nos salários dos praças, soldados, cabos, sargentos e tenentes da PM, reivindicação feita durante os protestos em maio. Em nota oficial enviada pela Secretaria de Comunicação, o governo voltou a usar a Lei de Responsabilidade Fiscal como barreira que impede de atender à reinvindicação.
Na nota, o governo afirma que "superadas as limitações financeiras, permanece à disposição para o diálogo construtivo". Informa também que a média salarial da PM teve uma evolução de 116% nos últimos seis anos. Segundo o governo, o salário médio da PM hoje é de R$ 1.050,53. O valor é contestado pelas mulheres.
Segundo Sônia, que preferiu não divulgar seu nome completo por medo de represálias, o marido, que trabalha há 20 anos na PM e atua como 2º sargento, recebe cerca de R$ 950,00 bruto. Célia Araujo, apontada como uma das líderes do movimento, também constesta os números divulgados pelo governo. "A média salarial é de R$ 600,00."
Célia garante que o movimento iniciado há três dias não vai impedir a saída dos policiais às ruas. Pelo menos até o próximo dia 21, quando acaba o prazo para o governo se manifestar sobre a situação salarial e trabalhista dos policiais. "Se ele (o governo) não atender nossas reivindicações, não vai ter policiamento", avisa. Hoje o movimento deve receber reforço de mulheres de PM de Cascavel, Ponta Grosa, Rio Negro e Foz do Iguaçu.
Na nota oficial, o governo não se manifestou sobre as punições aos policiais que participam da última greve. Segundo as manifestantes, quase 500 policiais estariam sofrendo punições em todo o Estado. O tenente Assunção, do Comando Geral da PM declarou à reportagem da Folha que "supõe que essas punições teriam acontecido", mas que estariam respaldadas pelo departamento jurídico. Assunção também não quis divulgar seu nome completo.