O Ministério Público (MP) estadual ofereceu nesta terça-feira uma denúncia contra o prefeito afastado de Rio Branco do Sul Bento Chimelli acusando-o de ter sido o mandante do assassinato do empresário João Ricardo Pinto Ferro, conhecido no município como João Coró. Ele era o proprietário da Emprosul, empresa terceirizada responsável pela contratação de funcionários para a prefeitura do município.
João Coró foi assassinado no dia 14 de junho do ano passado com dois tiros na cabeça no escritório da Emprosul. De acordo com a denúncia, o motivo teria sido a recusa do empresário em contratar funcionários indicados por Chimelli, que na época ainda era prefeito da cidade. Relatos de testemunhas afirmam que o prefeito havia intimidado João Coró de morte, e que o empresário teria ameaçado divulgar fatos que comprometeriam autoridades do município.
Segundo o vereador Sadi Ribas (PSB), após a morte de João Coró, o próprio Chimelli assumiu a função de contratar e pagar os salários dos funcionários da Emprosul. ''Muitos funcionários já estão há mais de três meses sem receber. E há denúncias de que alguns deles foram forçados a assinar recibos em branco. Estimamos que mais de R$ 1 milhão destinados ao pagamento foram desviados'', estimou Ribas.
O MP afirma que João Coró foi morto com um revólver calibre 38, de propriedade de Chimelli, que foi entregue a Daniel Batista de França, conhecido em Rio Branco do Sul como Docinho. O revólver teria sido então devolvido a Chimelli, que guardou a arma em sua empresa.
O crime só foi solucionado após o Instituto de Criminalística terminar a perícia de 14 armas encontradas na empresa de Chimelli no dia 14 de dezembro. Na ocasião, além de armas de uso proibido no Brasil e com o número de registro raspados, foram encontrados também veículos com o chassi adulterado. Desde então, o prefeito encontra-se foragido, após ter sua prisão preventiva decretada.
Chimelli teve seu mandato extinto no dia 23 de dezembro pela Câmara Municipal de Rio Branco do Sul, que montou uma comissão processante para cassar seus direitos políticos. Para o vereador Sadi Ribas (PSB), que preside a comissão, outros homicídios não explicados na região serão solucionados com a perícia das armas. ''Pelo relato de testemunhas, muito mais casos irão aparecer no desenrolar das investigações'', comentou o vereador.
A cidade está sendo administrada agora pelo presidente da Câmara Municipal, Elias Maltaca (PFL), que já exonerou os secretários indicados pelo ex-prefeito. A vice de Chimelli, Joana Elias, que na ordem hierárquica teria direito ao comando da cidade, também está sendo submetida a um processo de cassação. ''Após o afastamento de Chimelli, a sua vice deu continuidade às irregularidades verificadas antes, e tivemos que afastá-la também. Ela deve ser ouvida pelos vereadores ainda esta semana'', informou Ribas.