O juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, recebeu nesta quinta-feira (13), a ação penal contra o deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fiscal pela manutenção de contas secretas na Suíça que teriam recebido propina no esquema na Petrobras. Como a ação já havia sido aberta pelo Supremo em junho, Moro apenas deu 10 dias para o peemedebista apresentar sua defesa.
O processo foi remetido para a primeira instância em Curitiba pois Cunha perdeu foro privilegiado desde que foi cassado pela Câmara, por 450 votos a 10, no dia 12 de setembro. Com isso, na semana passada o Supremo remeteu esta ação contra o peemedebista para Curitiba.
Agora, Cunha começará oficialmente a ser julgado pelo juiz da Lava Jato, que também julga outra ação penal que tem como ré a mulher do ex-parlamentar Cláudia Cruz, acusada de lavagem e evasão de US$ 1 milhão oriundos de crimes que teriam sido praticados pelo seu marido e que foram utilizados para compras em lojas de luxo no exterior. Além disso, uma das filhas do peemedebista, Danielle Dytz da Cunha também é investigada pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Nesta ação, a segunda em que Cunha é réu na Lava Jato, o deputado cassado teria recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5 milhões referentes a aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011. O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção.
Parte destes recursos foi repassada para Cláudia Cruz, também em contas no exterior, e a transação está sendo investigada na ação contra a mulher do peemedebista.
A outra ação aberta contra o peemedebista pelo Supremo foi remetida para o Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro, por envolver a prefeita de Rio Bonito (RJ), Solange Almeida, acusada de atuar a mando de Cunha na Câmara para achacar uma empresa que não estava pagando propina ao parlamentar. Nesta ação, o peemedebista é acusado de receber ao menos US$ 5 milhões em propinas referentes a contratos de navios-sonda da Petrobras.
O peemedebista sempre negou ser proprietário das contas no exterior que foram descobertas pelo Ministério Público da Suíça em cooperação com os investigadores brasileiros. O peemedebista chegou a ser investigado no país europeu, mas graças a um acordo de cooperação, o MP suíço encaminhou o caso para que fosse julgado pelas autoridades brasileiras já que, mesmo que fosse condenado naquele país, ele não poderia ser extraditado por ser cidadão brasileiro.
A defesa do peemedebista não foi localizada para comentar o caso.