Política

Manoel Garcia Cid denuncia ex-diretor do Banestado

20 mai 2003 às 08:06

O ex-presidente do Banestado Manoel Garcia Cid, o Neco Garcia, depôs nesta segunda-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades no Banestado, e acusou Ricardo Khury de pressionar a liberação de operações lesivas ao banco. Ricardo é filho do deputado Aníbal Khury, morto em 1999.

Segundo Neco, por pressão de Ricardo Khury foi liberado um empréstimo de R$ 3 milhões para a Jabur Pneus.


Na composição da dívida, o banco aceitou o pagamento em pneus. ''Foi uma operação lesiva ao patrimônio do Banestado'', afirmou Neco.


Khury rebateu as acusações com duras críticas. Ele disse que o empréstimo à Jabur Pneus foi feito no governo de Mário Pereira, período em que ele não era diretor do banco.


Mas ele confirma o acordo para receber a dívida em pneus. ''O Banestado foi o único banco que conseguiu receber da Jabur tudo o que tinha emprestado'', salienta.


Ele disse ainda que o acordo para pagamento em pneus foi registrado em cartório e fez parte de uma ação que envolveu vários diretores para tentar recuperar empréstimos perdidos.


Khury disse ainda que o responsável pela quebra do Banestado foi o próprio Neco.


''No discurso que ele fez quando assumiu ele disse que o Banestado estava quebrado e que os políticos do Paraná é que tinham quebrado o banco. Depois daquilo a gente não conseguia mais captar recursos'', disse o ex-diretor.


Khury disse ainda que Neco autorizou um empréstimo de US$ 6 milhões à Prefeitura de Maringá, no governo de Jairo Gianotto, sem a autorização do conselho.


A Folha tentou novo contato com Neco para comentar as acusações, mas ele não retornou aos recados deixados em sua casa.


O ex-presidente também denunciou a venda de ações da Copel.


Segundo ele, o governo do Estado vendeu na Bolsa de Nova York US$ 111 bilhões de ações da empresa, mas estes valores nunca apareceram claramente nos balanços do Estado.


Na cotação do dólar da época a venda teria rendido ao Paraná mais de R$ 2,5 bilhões.


Esta receita, de acordo com o ex-presidente, seria captada e aplicada pelo banco Itaú, que dois anos mais tarde compraria o Banestado.


Ele também afirmou que foi pessoalmente conversar com a diretoria da Copel para que esse dinheiro entrasse no caixa do Banco do Estado, mas só em torno de R$ 80 milhões tiveram esse destino.


O outro depoimento desta segunda-feira foi do ex-funcionário José Henrique Friederich.


Ele foi chefe da Mesa de Operações, divisão que subsidia tecnicamente os pareceres superiores.


Segundo ele, a mesa sabia de operações que lesavam o Estado. Ele disse que, juntamente com outros colegas, sofreu pressão de um dos ex-diretores para aprovar tecnicamente operações duvidosas, passando por cima do regimento dos comitês.


Friederich foi afastado de sua função em 1999. Temendo pela sua integridade física, ele só levou o fato a conhecimento do Ministério Público no ano seguinte.

Mas a denúncia não surtiu efeito porque, segundo ele, o MP alegava que o banco não disponibilizava os documentos necessários para que desse prosseguimento às apurações.


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