As críticas do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, à política econômica do governo causaram mal-estar no Palácio do Planalto. Durante um ato em São Paulo, Lula havia dito que o país está subordinado à especulação, e que a política econômica do governo é cega por não enxergar que a produção é a única saída. Lula acusou a equipe econômica de ter metido o país numa ''encalacrada''.
Na quinta-feira, tanto o presidente Fernando Henrique Cardoso quanto o ministro da Fazenda Pedro Malan reagiram com indignação. Ao Jornal Nacional, Malan disse:
"Estamos atravessando um momento difícil que exige uma postura serena, responsável e de confiança no país. É a postura deste governo. E deve ser a postura daqueles que pretendem governar este país, sem voluntarismos e sem um discurso fácil de ruptura com tudo isso que aí está", disse Malan.
O ministro ainda disse que errou ao acreditar que o discurso da oposição havia mudado.
"Pelo jeito não é o caso, ouvindo as palavras do candidato da oposição quando fala de improviso sobre temas complexos. O discurso da mudança que não consegue explicar com clareza como ela será feita, isto é, para melhor, preservando conquistas já obtidas, não contribui em nada para acalmar expectativas quanto ao que pode vir a acontecer com o país. E esta é sem dúvida é uma das razões da turbulência atual. A referência a meia dúzia de especuladores lembra o insensato plebiscito sobre a dívida externa que tanto dano causou e ainda causa ao país", completou Malan.
Também na quinta, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, falou em nome de Fernando Henrique Cardoso.
"É muito ruim a atitude de colocar sapato alto antes da hora. Sobretudo sobre temas que não tem domínio pleno", disse o porta-voz.
O comentário sobre as críticas de Lula foi uma das raras respostas às declarações dos candidatos de oposição ao governo dadas por Fernando Henrique durante todo o período eleitoral. Desde o início do pleito, o presidente vem tentando estar o mais distante possível de polêmicas.