Ministro durante o governo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e atual pré-candidato à Presidência da República em 2018 pelo PDT, Ciro Gomes fez nesta quinta-feira, 14, duras críticas ao seu antigo aliado. "Não é possível insultar a inteligência do povo brasileiro e manter essa mesma narrativa (de perseguição política)". Segundo ele, a narrativa de Lula fez com que a população perdesse a confiança nos partidos de esquerda. "Eu não falo isso sem dor no coração", lamentou.
Ciro lembrou que o ex-presidente passa por um período de dificuldades e que não pretende tomar a iniciativa de agravar ainda mais a situação. Porém, deixou claro que o posicionamento do Partido dos Trabalhadores de apoiar a candidatura de Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado enfraquece os argumento de que houve um golpe de Estado no País, que culminou no impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff. O senador cearense foi um parlamentares que votaram a favor do impeachment.
"Nós estamos ferindo de morte a narrativa central de que ainda dava a nós alguma respeitabilidade na opinião pública progressista brasileira, que é a ideia de que o Brasil está sob um golpe de Estado. Como é que eu posso então assistir na semana passada o Lula abraçado com (ex-presidente do Senado) Renan Calheiros (PMDB-AL), que era senador e votou pelo impeachment?", afirmou o pedetista, que participou nesta quinta-feira, 14, de um evento no Rio.
Ciro Gomes também criticou a postura do PT na eleição para governador do Amazonas, quando apoiou a candidatura do senador Eduardo Braga, do PMDB.
Ciro tem se colocado como pré-candidato à presidência em 2018. Em entrevistas recentes, afirmou que só se candidataria se Lula não estivesse na disputa. Nesta quinta, Ciro reafirmou sua intenção em concorrer e disse acreditar que a presença do ex-presidente comprometeria o debate político.
Para Ciro Gomes, o Brasil precisa passar um amplo debate da atual crise política para que se possa construir novos caminhos e superá-la. A entrada de Lula na disputa, acredita, tornaria o debate "passional". "O ambiente de ódios e paixões tira qualquer chance de o País ter um minuto de discussão sóbria do seu futuro", afirmou.
O Estado de S. Paulo.