O candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, realiza neste domingo (8), com o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, o primeiro debate de um presidente em exercício do cargo com o seu opositor. O encontro será às 20h30 na TV Bandeirantes.
Desde 1997, quando foi aprovada a emenda constitucional que permite a reeleição, nunca um presidente compareceu a um debate eleitoral.
No ano seguinte, o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito no primeiro turno sem ter participado dos debates na televisão. Neste ano, Lula também não compareceu aos encontros na televisão do primeiro turno.
‘Gol de placa’ - Para especialistas em marketing político ouvidos pela BBC Brasil, o fato de o presidente em exercício estar debatendo com um opositor na televisão não deve ter peso importante junto ao eleitorado.
"Já participei de campanhas em que governadores em exercício debateram com a oposição, e isso não influiu no debate", afirma o marqueteiro Chico Santa Rita. "Como esse é o primeiro debate, ninguém vai se arriscar muito. Ninguém vai querer tomar um gol de placa."
Para o consultor de marketing político Gaudêncio Torquato, a situação é "um pouco desvantajosa" para Lula, já que o presidente teria mais a perder. "O grau de nervosismo é um pouco maior do lado do presidente, pois o ocupante do cargo sempre se cerca da ‘liturgia’ do poder, e acaba ficando isolado dos debates", afirma Torquato.
Simbolismo - O debate de domingo também marca o primeiro encontro entre Lula e Alckmin desde o começo da campanha eleitoral. Os analistas acreditam que o debate será importante para marcar diferenças entre os candidatos, mas que não será decisivo na definição do voto dos eleitores.
"O encontro tem um simbolismo muito forte, pois é uma oposição entre o Norte de Lula e o Sul de Alckmin (referência a onde os candidatos foram bem votados no primeiro turno), entre uma pessoa que é um ícone das camadas de baixo do Nordeste e outra com origem na classe média de São Paulo", lembra Torquato.