Política

Lula diz que Brasil não precisa de acordo com o FMI

05 nov 2003 às 10:41

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil não tem necessidade de fazer novo acordo com o Fundo Monetário Internacional. "Não precisamos sequer dos US$ 8 bilhões que estão colocados a nossa disposição do acordo passado, que vence agora em dezembro", disse Lula.

Ele ressaltou que o FMI precisa mudar de comportamento. "Não é mais necessário ficar exigindo, que nenhum país faça ajuste fiscal, mas que os países assumam o compromisso dos acordos com o FMI da retomada e do crescimento e do desenvolvimento econômico. É essa política na minha opinião deve permear a conversa do FMI daqui para frente com qualquer país, até porque o ajuste fiscal foi fracassado na maioria dos países. Eu acho que os países estão precisando voltar a crescer, e é essa a base de qualquer acordo. Ou seja, não haverá acordo impeditivo de crescimento da nossa economia". Não descartou, no entanto, a hipótese de firmar um acordo preventivo com o organismo internacional, em outras bases.


O que vai predominar na visão do Brasil, segundo o presidente Lula, " será a volta do crescimento econômico do nosso país" . Citou, ainda, a questão do superávit primário (receita menos despesas, exceto pagamento de juros), fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), no mês de junho. Para Lula, é um típico exemplo de decisão do governo, e não uma decisão imposta pelo FMI. "É uma decisão do governo que nós poderemos mantê-lo (4,25 do Produto Interno Bruto) na próxima LDO ou não mantê-lo. Até porque o superávit primário não dá para pagar nem 50% do que nós temos de pagar de juros. Há muitos e muitos anos todas as pessoas inteligentes no Brasil sabem que, um país tem uma dívida de 50% do PIB ou 60%, não seria muita coisa, se essa dívida préfixada com prazos mais longos. Ou seja, o problema do Brasil é que se paga todo o dia. Então a dívida fica realmente cara. A Itália tem mais que 100% do PIB de dívida interna e isso não atrapalha a economia italiana, pelo contrario vai bem".

O presidente salientou, também, que a economia tem melhorado. "Todos os indicadores confirmam uma retomada do crescimento, todos mesmos os mais pessimistas dos analistas, sabem que a economia voltou a crescer. Tem setores importantes da economia, de máquinas, que voltaram a crescer. De papel e papelão voltou a crescer, a indústria automobilistica voltou a crescer, eletro-eletrônico voltou a crescer. Então a economia está naquele ponto que nós entendíamos de que ela deveria estar. Não vai parar de crescer e nós não faremos nenhum acordo que impeça a economia brasileira de recuperar o tempo perdido, até porque nós temos que crescer muito nos próximos anos para dar os empregos que o povo brasileiro tanto precisa", concluiu o presidente Lula.


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