O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve adiar para pelo menos depois das eleições municipais -em outubro- a implementação do horário de verão, que adianta os relógios em uma hora com o intuito de economizar energia elétrica.
A posição foi manifestada após pedido da presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Cármen Lúcia, que manifestou a integrantes do governo federal preocupação com a operacionalização das eleições.
A informação foi publicada inicialmente por O Globo e confirmada pela Folha de S.Paulo.
Lula informou à ministra, por meio de interlocutores, que só não adiará essa decisão para após as eleições se o Brasil enfrentar uma crise energética grave em um futuro próximo, o que não está previsto por especialistas do setor.
Cármen Lúcia procurou os ministros José Mucio Monteiro (Defesa) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) para manifestar a sua preocupação com a notícia de que o governo Lula avaliava implementar neste ano o horário de verão, por causa da seca severa enfrentada pelo país.
A ministra disse que essa medida afetaria a operacionalização das eleições municipais. Disse que as urnas já estão programadas e lacradas em suas respectivas regiões e que haveria ainda um problema maior nos estados que seguem horário diferente do oficial de Brasília.
Em alguns estados, mesários precisariam chegar às 3h para iniciar os preparativos.
Essas preocupações teriam sido levadas a Lula e à Casa Civil da Presidência da República.
Procurado na manhã desta quinta-feira (19), o Palácio do Planalto não se manifestou oficialmente até a publicação desta reportagem.
Na semana passada, o Ministério das Minas e Energia confirmou que avaliava retomar o horário de verão como forma de tentar economizar energia, por causa da seca extrema que atinge o país.
O horário de verão é uma das alternativas na mesa do governo, que também já ampliou autorizações para o funcionamento de usinas termelétricas a gás. A seca também já causou o aumento da bandeira da conta de luz.
"Nós estamos em uma fase de avaliação da necessidade ou não do horário de verão. O horário de verão, nós sabemos que apesar da divisão da sociedade com relação a ele, tem outros efeitos que têm que ser analisados pelo governo, além da questão energética, que é a questão da economia. Ele impulsiona fortemente a economia do turismo, a economia dos bares, restaurantes, ele impulsiona a economia cotidiana", afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Segundo ele, a volta do horário de verão pode ajudar a reduzir a demanda de energia ao final da tarde, que é um horário crítico para o sistema elétrico.
Neste período, fontes como a solar e a eólica têm queda na produção, enquanto a demanda aumenta em razão do fim do expediente comercial, da chegada das pessoas em casa e do início da noite, com menos luz natural, argumentou.
"É aquele horário que o cidadão sai do trabalho, vai para casa, liga o ar-condicionado, liga o ventilador, vai tomar banho, vai tomar todo mundo quase que junto, liga a televisão para assistir um jornal, para poder assistir um filme e naquele horário nós temos um grande pico", disse.
Com o horário de verão, o período do dia coberto com luz natural aumenta, o que pode reduzir esta demanda.
O horário de verão foi extinto em abril de 2019, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).