Política

Lerner e Richa oficializam rompimento político

24 set 2001 às 20:33

O governador Jaime Lerner (PFL) oficializou o rompimento político com o ex-governador José Richa (sem partido). O Palácio Iguaçu distribuiu no final do dia uma nota oficial comentando as declarações feitas por Richa, na última sexta-feira, quando criticou o governo do Estado, minutos antes de gravar um programa de televisão.

O ex-governador disse que Lerner perdeu a oportunidade de ser um grande governador e defendeu, além na manutenção da Copel sob o poder do Estado, a independência do novo PSDB, formado com a expulsão do senador Alvaro Dias, que, desde sábado, está filiado ao PDT.


"Não pretendo alimentar polêmica com o ex-governador José Richa. Pelo respeito, lealdade e consideração que sempre dediquei ao ex-governador, suas declarações me causaram profunda decepção, pelas injustiças nelas contidas", começa a nota oficial, assinada por Lerner. "Ao injustiçar amigos, ele homenageia inimigos que sempre o traíram", segue o desabafo do governador.


Lerner deu a entender ainda que o filho de Richa, o vice-prefeito de Curitiba Beto Richa (PTB), só se elegeu graças ao seu governo. "Na última eleição para prefeito de Curitiba, a candidatura do deputado estadual Beto Richa a vice-prefeito não só nasceu dentro do governo como também foi viabilizada por minha iniciativa", declarou.


O governador disse que Richa ainda mantém indicados no seu governo. "Pessoas como Euclides Scalco (diretor brasileiro da Itaipu Binacional), Karlos Rischbieter (e-ministro) e Saul Raiz (ex-prefeito de Curitiba), a quem muito estimo, foram as primeiras a serem convidadas para integrar o governo, desde a minha primeira gestão. Não puderam aceitar. Mas deles e de outros do mesmo padrão tive sempre ajuda e cooperação, e a eles sempre serei grato", afirma o governador, em tom de mágoa.


A Folha tentou repercutir a nota oficial do governo junto a José Richa, mas o ex-governador não estava em sua residência em Curitiba. O filho, Beto Richa, não quis comentar o teor da nota do governo.


Interessado direto na desavença entre Lerner e Richa, o senador Alvaro Dias foi irônico ao falar da briga. "Esse jogo eu só assisto da arquibancada", declarou Alvaro.

As diferenças entre Lerner e Richa sempre foram abafadas, principalmente pelo governador. Richa tentou em 1995 filiar Lerner no PSDB, mas o seu projeto foi barrado por Alvaro Dias, que dominava o ninho na época. O primeiro indício de desentendimento entre Lerner e Richa foi quando o Palácio Iguaçu exonerou Ênio Malheiros, fiel-escudeiro de Richa, da Imprensa Oficial, levantando suspeitas sobre sua honestidade.


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