Política

Lerner diz não ter problemas com Richa

07 dez 2000 às 11:48

O governador Jaime Lerner (PFL) disse ontem que as denúncias de desvio financeiro de R$ 1,5 milhão na Imprensa Oficial em 1998 já foram apuradas pela Secretaria de Estado da Justiça e que todas as explicações sobre o assunto serão dadas pelos secretários competentes. Ele negou, no entanto, que a sindicância, iniciada em setembro de 1999, a pedido do próprio Palácio Iguaçu, tenha trazido divergências políticas entre ele e o ex-governador do Paraná José Richa (PSDB).

Ênio Malheiros, ex-diretor presidente da Imprensa Oficial e o pivô da denúncia, era indicado político de Richa e foi afastado sob a acusação de ter feito uma administração "desastrosa, contribuindo para que houvesse corrupção passiva por parte de seus subordinados e lesão aos cofres da insituição", de acordo com o teor da sindicância. Além de Ênio Malheiros, que já foi secretário da Comunicação no governo José Richa, o assessor José Carlos Chain Jabur também foi afastado por conta das investigações. "Nunca houve qualquer problema político entre mim e o ex-governador por conta desta sindicância. Esta é uma tentativa de intriga que não vai gorar", afirmou Lerner, em entrevista à Folha.


O governador disse que foi o grande defensor do nome do deputado estadual Beto Richa (PTB) para a vaga de vice-prefeito nas eleições deste ano. "José Richa teve participação fundamental no estado. Tenho uma boa relação com ele. Eu mesmo fui o maior defensor do nome de Beto Richa para ser vice-prefeito de Curitiba", argumentou Lerner. A defesa de Lerner em torno do nome do filho de Richa fez parte de um processo de reaproximação. O mal-estar de Richa e Lerner transpareceu quando o ex-governador, numa entrevista à Folha em 1999, detonou a política de privatização do governo Lerner. Richa disse ser contra a privatização da Copel, anunciada pelo governo estadual.

As informações sobre a sindicância foram vazadas pelo líder da bancada do PMDB na Assembléia, deputado Nereu Moura, graças ao secretário da Justiça, Pretextato Taborda Ribas, que, em resposta a um pedido de informações, encaminhou aos deputados uma cópia da sindicância. A suspeita de desvio de recursos está sendo investigada pelo Ministério Público. A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público cuida do processo, ainda sem previsão para ser concluído.


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