A "novela" em torno da reforma do secretariado já dura uma semana. O governador Jaime Lerner (PFL) corre contra o tempo para pôr, de uma vez, um ponto final nas especulações que cercam o seu governo, desde o polêmico pronunciamento do então secretário-chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, na semana passada, defendendo demissão coletiva do secretariado.
O governador cancelou ontem pela manhã uma viagem a Brasília. Lerner participaria de um encontro de governadores com o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ele voltou a se isolar em reuniões com aliados mais chegados, em sua residência, no bairro Cabral; no Palácio Iguaçu; e também no Chapéu Pensador, o gabinete do governo na subestação da Copel, em Curitiba.
Aos aliados foi prometido um anúncio oficial até no máximo amanhã, antes do final de semana. Os mais otimistas aguardam um pronunciamento do governador, através de sua assessoria, ainda hoje à tarde. A reforma não deve ser tão ampla como se previu originalmente. Por isso, os aliados acreditam que há condições de se finalizar a reengenharia nas próximas horas.
Lerner passou boa parte do dia tentando localizar o presidente da Copel, Ingo Hubert, o provável secretário da Fazenda no lugar de Giovani Gionédis, para formalizar o convite. Ingo está na Alemanha e volta somente na semana que vem. Assim como a condução do deputado federal Rafael Greca (PFL) à Secretaria de Comunicação, a transferência de Ingo Hubert para a Fazenda é considerada como um fato consumado no governo. O ex-presidente do Banestado Reinhold Stephanes continua ainda na lista dos secretariáveis, caso as negociações com Ingo não prosperem.
David Campos oficializou o seu desligamento do governo, entregando ontem uma carta endereçada ao governador, com quem conversou na última segunda-feira, como informou a Folha na edição de ontem. David Campos vai descansar alguns dias no Litoral com a família. Ele ainda não tem idéia se será aproveitado na equipe do prefeito reeleito de Curitiba, Cassio Taniguchi (PFL), que está em viagem à Europa. Giovani Gionédis também deve sair de cena até a poeira assentar.
"Ele está muito magoado com tudo o que aconteceu. Se o objetivo do Alceni (Guerra) era tirar o Gionédis, pode ficar feliz porque conseguiu", avaliou ontem uma fonte de peso no governo. A mesma fonte informa que as chances de Alceni permanecer no mesmo posto aumentaram. Com a recusa de Gionédis, em assumir a Casa Civil, o posto ficou vago. Alceni não esconde no governo que a sua preferência mesmo é pela Secretaria de Educação. Uma pasta, entretanto, mais reforçada e fundida com Esporte e Turismo, além de Ciência e Tecnologia.
No anúncio de Lerner deve constar ainda o nome do novo secretário dos Transportes. Até ontem, o deputado estadual Cezar Silvestri (PTB) era o mais cotado. O ex-diretor da Urbs (empresa que gerencia o transporte coletivo de Curitiba) Carlos Eduardo Ceneviva também era lembrado, mas com menos intensidade. O novo secretário entra no batente apagando "incêndio". Está previsto para dezembro reajuste nas tarifas do pedágio, explorado pelas concessionárias do Anel de Integração.