A participação das mulheres nas eleições continua pequena, segundo a pesquisadora Almira Rodrigues, do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cefemea).
Em entrevista à Rádio Nacional, ela acrescentou que nas eleições passadas o número de candidatas cresceu, o que não ocorreu neste ano. "A política brasileira ainda é um território muito fechado e masculino, com leis que dificultam a entrada não só das mulheres, mas também dos negros, dos jovens e daquelas pessoas que têm menos recursos financeiros e econômicos", disse.
Segundo a pesquisadora, apesar de ter ampliado participação na candidatura a cargos majoritários, os partidos não conseguem atingir o mínimo de 30% de candidaturas de mulheres. Na avaliação dela, um dos fatores que levaram à redução é o fato de o processo eleitoral ser "excludente", baseado no poder econômico. E as mulheres têm menos recursos e menos tempo para se dedicar à política, por assumirem atividades domésticas.
Almira Rodrigues destacou ainda que os partidos políticos não têm dado a atenção necessária para aumentar a participação feminina em toda a vida partidária – e não apenas nesse período eleitoral.
"Há um consenso, não só do Cefemea, mas de grande parte dos movimentos de mulheres, em torno da necessidade de adoção do financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais. Outra proposta é a lista fechada, ou seja, vota-se num determinado partido, que monta sua lista alternando homens e mulheres", disse.
Esse sistema de lista fechada, segundo a pesquisadora, funciona na Argentina – único país da América do Sul a ter mais que 30% de mulheres no parlamento.