A Justiça só vai decidir se aceita ou não a denúncia contra o ex-delegado-geral da Polícia Civil, João Ricardo Képes Noronha, depois de conhecer sua defesa prévia. A informação é da 8ª Vara Criminal de Curitiba. Saber a versão do acusado antes de se pronunciar faz parte do rito normal do Judiciário depois que uma denúncia é apresentada pelo Ministério Público, responsável pelo pedido de abertura de processo criminal contra o ex-delegado-geral.
Noronha foi denunciado pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC) por crime de corrupção. Ele teria ligações com Joarez França Costa, o Caboclinho, e Paulo Mandelli, ambos investigados por suspeita de chefiarem desmanches de carros roubados no Estado. Noronha nega as acusações e diz que é vítima de perseguição da PIC. Por ser funcionário público, Noronha terá que receber a intimação para apresentar sua defesa das mãos do atual chefe da Polícia Civil, delegado Leonyl Ribeiro.
De acordo com a assessoria de Ribeiro, ele ainda não recebeu a intimação. Quando for notificado oficialmente, Noronha terá 15 dias para apresentar sua defesa na 8ª Vara Criminal de Curitiba. O ex-delegado-geral, que também preside a Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol), teve o nome ligado a Caboclinho e Mandelli por causa da construção de um galpão em sua chácara, no município de Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba.
A PIC anunciou a descoberta, na casa de Caboclinho, de um contrato para a execução da obra. O acerto foi firmado por Noronha e a Brasposte Pré-Moldados de Concreto S/A, em 23 de março de 1999. O pagamento do serviço teria sido feito por Mandelli e Caboclinho. As prestações teriam sido alteradas e pagas em três vezes de R$ 5,6 mil - a primeira em fins de março, a segunda no vencimento programado para o dia 5 de maio de 1999 e a terceira para o dia 5 de junho do mesmo ano.
Registros de ligações telefônicas entre Caboclinho e Noronha no período de dezembro de 1998 e outubro de 1999 também foram anexadas à denúncia. Noronha estranhou que só agora esteja sendo acusado, já que a denúncia era de conhecimento dos promotores desde o ano passado.