Política

Juiz eleitoral do Paraná vê e não gosta das eleições nos EUA

13 nov 2000 às 19:53

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foi buscar nos Estados Unidos um bom motivo para se orgulhar do sistema eleitoral no Brasil. Convidados pela Ifes (Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais) - uma Organização Não Governamental - para acompanhar a votação para presidência, o diretor-geral do TRE, Ivan Gradowski, e o vice-presidente e corregedor do Tribunal, Roberto Pacheco Rocha, acreditam que as eleições brasileiras são "de primeiro mundo". Na comparação entre os dois sistemas, os representantes do TRE são categóricos: "O nosso é superior".

Essa declaração que pode ser interpretada como um exemplo de amor à pátria não é por acaso. Enquanto os EUA ainda não sabem quem vai ser o sucessor de Bill Clinton na Casa da Branca, no Brasil, menos de duas horas depois de encerradas as votações já se conhecia o nome dos prefeitos da próxima gestão. O TRE se apóia nessa situação para enfatizar a eficácia do sistema eleitoral nacional e classificar como "frágil" o sistema norte-americano.


Gradowski e Pacheco Rocha apontam essa fragilidade como o principal problema da polêmica apuração dos votos americanos. Para o vice-presidente do TRE, por exemplo, o sistema eleitoral norte-americano, criado no século 18, deixou de ter razão histórica. "O impassse na apuração colocou em dúvida se o sistema se aplica à realidade atual", comentou.


Na avaliação de Pacheco Rocha, as eleições americanas funcionaram bem até o momento porque eram baseadas na confiança, o que fez com que a Justiça Eleitoral não se preparasse para possíveis fraudes ou falhas na apuração. Ele ressalta que nos EUA existem pelo menos dez sistemas diferentes de votação, que ele avalia como rudimentar, e que também dificultam a apuração.


Para conhecer o sistema americano, o diretor-geral e o vice-presidente do TRE ficaram durante uma semana em Washington. O convite foi direcionado ao TRE, mas se estendeu ao Tribunal Superior Eleitoral, conforme explica Gradowski. Assim, o presidente do TSE, ministro José Neri da Silveira e o secretário da Informática do TSE, Paulo Camarão, fizeram parte da comitiva brasileira. Eles prepararam um relatório comparando as eleições nos dois países, que foi encaminhado à Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais. "Esperamos que eles utilizem as nossas informações", arremata Gradowski.

O diretor-geral do TRE diz acreditar que o impasse vivido atualmente nos EUA não vai afetar a democracia americana. "É uma política extremamente consolidada, mas a acirrada disputa entre George W. Bush e Al Gore deve abrir espaço para importantes questionamentos políticos naquele país", concluiu.


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