O presidente do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Paraná, Abdo Aref Kudri, disse ontem que a entidade vai designar representantes para acompanhar os trabalhos da CPI da Telefonia, na Assembléia Legislativa. O sindicato também vai solicitar uma reunião com o presidente da comissão, deputado Tony Garcia (PPB), e pedir cópias das fitas com gravações clandestinas entre donos de veículos de comunicação.
Na semana passada Tony Garcia disse ter recebido anonimamente cinco fitas cassete contendo as gravações. As fitas foram enviadas para perícia na Universidade de Campinas (Unicamp) e dentro de 25 dias será divulgado o laudo atestando a veracidade ou não do material. De acordo com denúncias feitas à CPI, o Palácio Iguaçu estaria por trás dos grampos.
Abdo Kudri diz que se o caso for comprovado será um ultraje e um cerceamento à liberdade de imprensa nunca visto. "Pessoalmente não acredito no envolvimento do governo do Estado mas já vi depoimentos e tive informações de que as escutas telefônicas ilegais atingiriam também os órgãos de imprensa". Segundo ele, o autor das primeiras denúncias, o policial militar Luiz Antonio Jordão, disse à CPI, que os grampos teriam sido retirados dos telefones dos jornais assim que a CPI da Telefonia entrou nas investigações.
O assunto foi tema ontem de uma reunião extraordinária entre os donos de jornais, na sede do sindicato em Curitiba, e contou com a presença do diretor do jornal Gazeta do Paraná, Marcos Formighieri, o único até agora que confirmou a existência de grampo telefônico. Segundo o empresário, o Palácio Iguaçu teria conhecimento do teor de uma conversa telefônica entre ele e senador Roberto Requião, em 1998.
Formighieri não quis conversar com os jornalistas que acompanharam a reunião. O diretor presidente da Gazeta do Povo, Francisco da Cunha Pereira, também não quis comentar o assunto. Atitude semelhante foi adotada pelo diretor presidente da Editora Estado do Paraná, ex-governador Paulo Pimentel, que alegou não estar a par do assunto para fazer comentários.
A comissão que representará os donos de jornais junto à CPI da Telefonia é composta pelos empresários Abdo Kudri, Francisco da Cunha Pereira, Paulo Pimentel, Alcy Ramalho, Odone Fortes Martins, Marcos Formighieri, Dilmar Archegas, Roney Pereira, Cícero Cattani, Sadi Ricardo, Renato Barroso, Guilherme Cunha Pereira, Nilton Dalla Bona, Ubaldo Siqueira, Marcos Manfrin de Oliveira e Maurício Messom.