Os senadores paranaenses Alvaro Dias e Osmar Dias, ambos do PSDB, enfrentam um dia decisivo em suas carreiras políticas. A executiva nacional do partido reúne-se hoje para decidir se expulsa ou não os irmãos Dias da legenda. O presidente nacional, deputado José Anibal (SP), anunciou o afastamento dos tucanos na semana passada, depois que eles se recusaram a retirar as assinaturas do requerimento que cria a CPI da Corrupção, para investigar o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Anibal alega que os irmãos Dias têm desobedecido outras orientações partidárias. Osmar e Alvaro não vão participar da reunião. Eles garantem que ficam no partido até sair a decisão final, e acreditam contar com o apoio da bancada de senadores.
Apesar de dizer que permanece até o último momento, Osmar já admite sua saída. "Quero que digam publicamente porque estão me expulsando". Osmar - que não admite candidatura à sucessão de Jaime Lerner mas conta com apoio nos bastidores - disse que, se for expulso, parte em busca de alternativas. Ele recebeu convites do PT, PMDB, PDT e PTB. Admitiu que se sentiria confortável na sigla do senador Roberto Requião (PMDB), que o convidou a ingressar no PMDB. Requião é canditato nas eleições de 2002. Osmar avisou que não precisa, necessariamente, ir para o mesmo partido do irmão. "Os partidos podem ser diferentes mas o palanque não". Durante o ato público contra a venda da Copel, Osmar agitou uma bandeira do PT.
Alvaro afirmou que está com a consciência tranquila. "Cumprimos nossas obrigações partidárias e estamos em sintonia com a aspiração popular". Disse que a reunião é a "oportunidade do partido recuperar sua imagem e corrigir rumos". Não quis comentar o convite de Requião (que também o convidou). "Analisaremos convites no futuro", sinalizou. Alvaro comentou que seria "possível" o processo de expulsão ter inspirações regionais. "Não exatamento inspiração, mas desejos locais podem estar envolvidos. Mas me parece que o articulador seria o FHC". A bancada estadual acredita que o ex-senador José Richa e o presidente brasileiro da Itaipu, Euclides Scalco, estariam por trás da articulação para derrubar Alvaro e Osmar. Richa e Scalco negam que tenham projeto de volta à cena política.
Anibal disse que a decisão de explusar o irmãos Dias é política e que não pretende voltar atrás. "Eles querem agir contra as normas do partido e isso eu não vou permitir". Anibal disse que a expulsão não foi pedida pelo presidente. O presidente nacional disse que os paranaenses não têm o apoio da bancada no Senado e que seriam mais coerentes se saíssem. Anibal não acredita que os deputados tucanos debandem do partido, na esteira dos irmãos Dias. Ele admite que apenas "alguns" pode sair.
Os irmãos Dias partiram para a retaliação, na semana passada. O objetivo é desbancar Anibal, segundo aliados próximos aos senadores. O secretário-geral do PSDB no Paraná, Haroldo Ferreira, anunciou que vai entrar com uma ação na Justiça para anular a convenção que elegeu Anibal, realizada em maio passado. A alegação é que teria havido tentativa de golpe contra os paranaenses. "A lista de votação, com a chapa única que compõe o diretório nacional, foi alterada", afirmou. As mudanças incluiriam os nomes de Richa e Scalco. Para o líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), os paranaenses assinaram a CPI por motivos eleitorais. (com agência Folha)