O radialista Jocelino Gonçalves, de 42 anos, mudou-se para Curitiba para acompanhar o caso do seu irmão Adelino, padre-prefeito de Mariluz (Noroeste do Estado) acusado de ter mandado matar duas pessoas em sua cidade. Jocelino afirma que só irá embora quando Adelino for solto. Adelino, que é padre licenciado, está preso desde março num batalhão da PM da Capital.
O radialista, que está morando na casa de amigos há 40 dias, disse que o ex-secretário da prefeitura Élcio de Farias é quem teria interesse de retaliar uma das vítimas, o presidente do PPS local, Carlos Alberto de Carvalho, ‘Carlinhos Gordo’. Carvalho coordenou a campanha do padre. Farias nega a acusação e aponta Adelino como mandante.
"Quem deu a arma e o carro (como parte do pagamento) para o José Lucas Gomes foi o Élcio", afirmou Jocelino. Gomes, ex-sargento da PM, foi quem matou Carlinhos em seu escritório, onde estava o vice-prefeito Ayres Domingues (PPS), que também foi assassinado. Jocelino acredita que Farias queria apenas "dar um susto" em Carlinhos.
Jocelino disse que Carlinhos rompeu com Adelino depois de discordar de algumas nomeações, entre elas a do próprio Farias e da ex-vereadora Ivone Perecin. Sobre a ex-vereadora, Jocelino conta que Carlinhos chegou a defender sua demissão. Caso contrário, ele se afastaria.
Segundo Jocelino, Carlinhos descobriu que Farias teria cometido irregularidades num sindicato de agricultores de Rancho Alegre e passou a atacá-lo. O comportamento contrariou Élcio, que teria ido até Corumbataí do Sul, perto de Mariluz, contratar Gomes para "dar um susto" em Carlinhos.
"O José Lucas Gomes deve ter se assustado porque o Carlinhos sempre andava armado", calcula Jocelino. Ele disse que seu irmão não pode ser considerado suspeito pelas mortes. Na ausência do prefeito e do vice, ele lembra que quem assume o Executivo é o presidente da Câmara, Benedito Oscar dos Santos (PFL). "O que o Adelino ganharia com as mortes para entregar a prefeitura para um adversário ferrenho como é Benedito?", indaga Jocelino.