O delegado Vinícius Augustus de Carvalho, do Cope (Centro de Operações Policiais Especiais), não conseguiu convencer os deputados da CPI da Telefonia de que a prisão em flagrante do ex-funcionário do governo do Estado Gilberto Maria Gonçalves - que teria recebido fitas contendo gravações ilegais do ex-funcionário da operadora GVT João Batista Cordeiro - não foi feita porque o código penal não permitiria que ele fosse preso.
O delegado foi convidado a depor na CPI depois que Cordeiro declarou que foi armado um flagrante para Gonçalves no estacionamento do Palácio Iguaçu.
Cordeiro foi preso em flagrante pelo Cope no dia 4 de abril, com mini-gravadores na caixa de distribuição da Telepar em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba). Em seu depoimento à CPI, na semana passada, Cordeiro disse que Gonçalves foi levado ao Cope, mas não permaneceu preso. Ele afirmou não saber se Gonçalves teria sido liberado por pressão do Palácio Iguaçu.
Cordeiro havia combinado com Gonçalves de lhe entregar as fitas na noite do dia seguinte, e policiais do Cope o acompanharam com a intenção de fazer um flagrante. De acordo com Carvalho, no caso de flagrante provocado - como seria o caso do encontro entre Gonçalves e Cordeiro - o Código de Processo Penal diz que qualquer extensão por parte da Polícia é nula.
No entanto, fonte da Folha na PIC (Promotoria de Investigações Criminais) garante que a prisão poderia ter sido efetuada e teria sido válida. "Vamos buscar a confirmação jurídica da afirmação do delegado do Cope de que a prisão não poderia ter sido feita", disse o presidente da comissão, Tony Garcia (PPB). Carvalho disse que Gonçalves prestou depoimento, mas foi "a convite" do Cope e não chegou a ser algemado.
O segundo depoimento, do sub-chefe da Casa Militar, tenente coronel José Cavalin de Lima, foi confuso e irritou os integrantes da CPI. Para Garcia, o depoimento de Cavalin foi "terrível e cheio de contradições". "Pelas declarações dele, concluímos que o serviço de inteligência do Palácio é burro".
Cavalin disse que quem executava serviços de varredura para o Palácio Iguaçu era a Telepar e não a Defense. Ele assumiu o cargo em dezembro de 1999 e disse que não conhece a empresa, que presta serviços de assessoria e consultoria em segurança. No entanto, os membros da CPI tem em mãos documento datado de março de 99 em que a Casa Militar recomenda os serviços da Defense ao governo de Roraima.
Leia mais em reportagem de Maria Duarte, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta sexta-feira