A CPI da Telefonia, criada pela Assembléia Legislativa para investigar denúncias de grampos telefônicos no Palácio Iguaçu e em comitês eleitorais, vai fazer uma acareação na quinta-feira entre a ex-secretária de Administração Maria Elisa Paciornik - que denunciou escutas telefônicas em seu gabinete em outubro de 1999 - e os técnicos da Telepar que participaram da varredura da linha. A sessão está marcada para as 14 horas.
Serão convocados, além da ex-secretária, os ex-funcionários da operadora Jefferson Martins Storrer e Edgar Fontoura Filho; o técnico de rede, Jamil Silvestre; o gerente jurídico, Sérgio Vosgerau; e o ex-presidente Jorge Jardim. A Procuradoria de República e um fiscal da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) devem acompanha a sessão.
A Telepar sustenta que não foi constatado grampo no telefone de Maria Elisa, apenas a existência de um "fio paralelo". Edgar e Jefferson, em depoimentos anteriores, sustentaram que era possível fazer escuta através dessa "anormalidade técnica". Silvestre e Vosgerau - ouvidos nesta terça-feira - negam a possibilidade. No entanto, a PIC (Promotoria de Investigações Criminais) encontrou o grampo, mas não chegou ao autor. O caso foi então encaminhado ao 3º Distrito Policial em Curitiba - e agora é sigiloso.
O presidente da comissão, Tony Garcia (PPB), ficou insatisfeito com os depiomentos de ontem e suspendeu a sessão. "Essas declarações não estão nos levando a nada. Foram nitidamente orquestradas para refutar a existência de uma escuta ilegal", reclamou Garcia.
Maria Elisa disse à CPI que foi ameaçada de morte por ter acionado o Ministério Público para investigar o caso. Ela desconfiou do grampo quando conversas reservadas na Secretaria da Administração começaram a ser divulgadas pela imprensa.
Ontem, Silvestre e Vosgerau afirmaram que não era possível fazer escuta no telefone da ex-secretária. Silvetre afirmou que as instalações do governo do Estado são muito ruins e não comportariam um grampo. Segundo ele, não foi constatada a existência de um gravador na ponta da linha.
Vosgerau disse que a Telepar agiu corretamente não avisando a polícia do caso, visto que foi verificada apenas uma anormalidade técnica. A atitude correta, segundo ele, era normalizar a linha, como foi feito. O deputado Marcos Isfer (PPS) ficou revoltado com a declaração de Vosgerau. "Quer dizer que a Maria Elisa foi ameaçada de morte por causa de uma anormalidade técnica?", questionou.
Leia mais em reportagem de Maria Duarte, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quarta-feira