A presidente Dilma Rousseff está preocupada com a desfiguração do Código Florestal na Câmara dos Deputados e por isso o governo só vai permitir a votação do projeto quando tiver certeza de que não será derrotado pelos ruralistas. No Palácio do Planalto, o comentário é que a votação pode ocorrer só em maio ou até mesmo depois da realização da Conferência Rio + 20, em junho.
"Nós não queremos uma votação desastrada, que anistie todo mundo e torne o veto da presidente difícil. Isso seria o pior dos mundos", disse à reportagem um ministro que participou das negociações do Código Florestal, admitindo a apreensão do governo em relação ao tema.
Em reunião com parlamentares da base aliada, na semana passada, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT-SC), foi na mesma linha.
"Eu quero dizer que não entendo nada de agricultura nem de meio ambiente, mas posso assegurar que a presidente Dilma não aceitará um retrocesso no Código Florestal às vésperas da Rio + 20", afirmou Ideli aos deputados e senadores, numa referência à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O evento vai ser realizado em junho no Rio de Janeiro, com a presença de líderes mundiais.
Controvérsia - Na prática, a rota de colisão entre Ideli e o então líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) - destituído do cargo na terça-feira e substituído pelo colega de partido Arlindo Chinaglia (SP) -, foi agravada pela posição do parlamentar em relação ao Código Florestal. Para o governo, Vaccarezza defende os interesses dos ruralistas. O petista nega.