Política

Governo abre caminho para quebrar patente dos remédios

04 set 2003 às 18:53

Depois de passar o mês de agosto negociando a redução dos preço de três medicamentos utilizados no tratamento da Aids com os laboratórios Roche, Aboott e Merck Sharp & Dhome, o governo decidiu quebrar a patente destes remédios.

Nas negociações, os laboratórios propuseram uma redução de preço de 6,7%, percentual bem inferior aos 40% requeridos pelo governo brasileiro.


Estes três laboratórios são responsáveis pela fabricação dos medicamentos Nelfinavir (da Roche), Lopinavir (da Aboott) e Efavirenz (da Merck Sharp & Dhome), que consomem 63% do orçamento do Ministério da Saúde para anti-retrovirais.


Para baratear o custo destes remédios, o ministro da Saúde, Humberto Costa, anunciou hoje a publicação de um decreto que libera a importação de genéricos --em caso de emergência nacional-- sem a necessidade de consentimento do detentor da patente.


Segundo a Saúde, a assinatura do decreto presidencial não inviabiliza a continuidade das negociações com os três laboratórios.


Produção nacional


A Saúde também enviará para a China e Índia uma missão para avaliar as condições de produção dos genéricos dos três medicamentos por estes países.


Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde vai começar a avaliar a capacidade de produção da indústria brasileira.


O laboratório estatal Far-Manguinhos, por exemplo, foi autorizado a se preparar para a produção dos mesmos em escala industrial.


Atualmente, o laboratório está concluindo o processo de desenvolvimento dessas drogas.


O Ministério da Saúde está avaliando a proposta da Merck Sharp & Dhome, que se dispôs a fazer uma cessão voluntária da patente do Efavirenz, para fabricação do medicamento em parceria com Far-Manguinhos.


Se o Brasil passar a produzir os três remédios, 11 dos 14 itens que compõem o coquetel anti-HIV estarão sendo fabricados no país.


O Brasil produz oito itens que compõem o tratamento. A maioria já era fabricada, segundo o Ministério da Saúde, antes de maio de 1996, quando entrou em vigor a nova Lei de Patentes no país.


Ao todo, o programa nacional de distribuição de medicamentos contra a Aids custa R$ 600 milhões ao ano e atende cerca de 115 mil pessoas no Brasil.

Informações Folha Online


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