Os servidores públicos estaduais temem que o governo use a redução da carga horária como "desculpa" para não reajustar os salários. O governo adotará turno único a partir de 1º de fevereiro, quando o funcionamento das repartições da administração passará a ser feito do 12h30 às 19h. O funcionalismo acumula perdas salariais superiores a 40% nos últimos cinco anos e uma de suas principais bandeiras tem sido a reposição dos rendimentos.
Para a diretora do Sindi-Seab (Sindicato dos Servidores nos órgãos da Agricultura), Norma Ferrari, os maiores prejudicados estão no quadro geral do Estado. "São quase 40 mil pessoas sem reposição há cinco anos e meio. Tememos que o governo decida não reajustar os salários usando como desculpa essa jornada menor", ponderou.
A opinião é compartilhada por Carlos Roberto Bittencourt, presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná - Senge-PR. "É uma forma de manter os salários congelados por mais tempo", resumiu. Cerca de 10% dos três mil associados do Senge são funcionários do Estado.
Mais de mil servidores públicos estaduais estão enfrentando uma situação desconfortável com a adoção do turno único na administração direta e indireta, que funcionará das 12h30 às 19 horas. O número correponde a 1% dos 132 mil funcionários na ativa. Segundo o secretário da Administração, Ricardo Smijtink, esse percentual corresponde ao pessoal que tem carga horária de 30 horas por semana. Quem trabalha pela manhã no governo e tem outro emprego à tarde terá que mudar de setor ou optar por um só trabalho.
A redução da carga horária dos servidores de oito para seis horas e meia por dia - sem achatamento salarial - teve boa repercussão entre os funcionários. O problema está nos remanejamentos. Como vários têm outros empregos no período da tarde, não poderão trabalhar pela manhã na maioria das secretarias. Eles buscam agora se encaixar em pastas que permitam turnos de manhã.
Leia mais em reportagem de Maria Duarte, na Folha do Paraná/Folha de Londrina deste sábado