Política

FHC: "Diploma não é essencial para ser presidente"

21 set 2002 às 18:03

O presidente Fernando Henrique Cardoso deixou claro que não vai fazer coro com a campanha do candidato tucano José Serra (PSDB) na tentativa de fixar a imagem de desqualificado no petista Luiz Inácio Lula da Silva, que está primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto sobre a disputa para o Palácio do Planalto.

Ontem, depois de inaugurar de uma linha de transmissão de energia no Pará, Fernando Henrique afirmou que não é necessário ter diploma de curso universitário para ser um bom presidente da República. "Tem gente que passou pela universidade, tem gente que não. Tem gente que passou e não está preparado, e tem gente que não passou e está preparada", comentou.


Segundo o presidente, deve se avaliar o potencial da pessoa, e não os títulos. "Se for por títulos, faz-se um concurso pra presidente numa universidade", disse ele.


Nesta semana, o programa do PSDB no horário gratuito no rádio e na televisão tratou de comparar Serra com Lula, sempre lembrando a suposta falta de preparo do petista.


Na quarta-feira, Fernando Henrique chegou a endurecer o discurso contra o PT. Em evento no Palácio do Itamaraty, criticou as pessoas que fazem ''discurso irado contra a corrupção'' sem apresentar provas, querendo ''apenas fazer borbulho''. Agora, Fernando Henrique não só deixou de criticar Lula, como elogiou o programa de TV do petista.


O presidente afirmou ter gostado muito do programa do PT apresentado anteontem. Segundo Fernando Henrique, o partido teria usado ''muita coisa emprestada'' do governo dele. O Palácio do Planalto está preferindo ficar longe dos embates mais duros entre Lula e Serra. Assessores próximos a Fernando Henrique trataram de baixar os ânimos depois que o programa do candidato tucano começou a aumentar seus ataques contra Lula.


"Não acredito que haverá mal-estar por causa da disputa eleitoral. O espírito é o mesmo. A transição vai ser apartidária", disse ministro da Casa Civil, Pedro Parente, na quarta-feira.

A decisão dos tucanos de tentar polarizar com Lula ainda no primeiro turno foi tomada oficialmente na reunião de quarta-feira no comitê central de Serra em Brasília. Durante todo o encontro, que contou com a presença de líderes regionais, o nome do presidente Fernando Henrique Cardoso nem chegou a ser citado. Sua participação na campanha vai continuar se restringindo a aparições no horário eleitoral gratuito, como ele mesmo tinha pedido no início da campanha.


Continue lendo