O ex-prefeito de Fazenda Rio Grande (Região Metropolitana de Curitiba), Celso Luiz Soares da Rocha (PSB), se apresentou à polícia e negou que tenha desviado recursos públicos para benefício próprio. O ex-prefeito é acusado, junto com o ex-secretário municipal de Finanças Emílio Sakuna e o ex-contador Luiz Gonzaga Boarão, de improbidade administrativa, estelionato, peculato (desvio de dinheiro público), formação de quadrilha e enriquecimento ilícito.
Na terça-feira, a juíza substituta Ilda Eloísa Corrêa determinou a prisão temporária dos acusados por cinco dias. Sakuna e Boarão foram presos. O ex-prefeito ficou foragido e apenas se apresentou nesta sexta-feira, após a revogação da prisão temporária. "Não fugi, nem me furtei de dar depoimento. Me apresentei hoje, dia em que fui intimado para depor", justificou o prefeito.
Celso Rocha admitiu para a imprensa que realmente utilizou recursos de pastas diferentes para suprir rombos de caixa. Numa oportunidade, ele teria recebido R$ 64 mil do governo federal para a construção de um posto de Saúde no bairro Iguaçu. No entanto, as obras do postos ficaram paradas. "Usei para outras obras. Jamais houve desvio de recursos. O dinheiro foi utilizado para fazer frente a outros benefícios", afirmou ele, sem saber explicar em quais obras os recursos teriam sido aplicados.
Um dos quatro inquéritos que estão tramitando na delegacia, a prefeitura é acusada de fazer descontos da ordem de R$ 196 mil dos salários dos funcionários para ressarcir empréstimos feitos pelos servidores junto a uma empresa de financiamento de crédito. Apesar de ter descontado em folha, os valores nunca foram repassados para a empresa.
"Enfrentamos problemas sérios de caixa. Tínhamos débitos em nossas contas. Usamos os valores descontados para os funcionários para o pagamento dos salários e do 13º", argumentou.
Rocha negou qualquer tipo de licitação fraudulenta em sua administração e disse não ter conhecimento de notas frias expedidas para a Prefeitura Municipal. "A quem acusa cabe o ônus da prova. Sou inocente e vou reestabelecer a verdade. Tenho plena consciência das obras que por mim foram feitas. Isso tudo é político", contestou, culpando a atual administração pelas denúncias feitas na imprensa.
O delegado José Carlos de Oliveira, que preside os inquéritos, disse que já esperava que o depoimento não trouxesse muitas novidades no processo. "O interrogado geralmente diz o que quer dizer. Cabe ao Estado provar se ele é ou não culpado", declarou. De acordo com José Carlos, a maioria das provas que estão nos autos é material. "Temos uma farta documentação e vídeos. Ele e seus assessores já estão indiciados, com toda a certeza", complementou.
Na semana que vem, o delegado pretende ouvir o ex-diretor financeiro Fabiano Pinheiro. Ele foi apontado como o articulador de todas as contas que vinham para a Prefeitura Municipal.