Política

Especialistas analisam rotatividade no governo Barbosa

15 jun 2010 às 08:30

Em 13 meses de mandato, nada menos que 22 nomes foram substituídos no chamado alto escalão da Prefeitura de Londrina - algumas pastas com até três personagens na ''dança das cadeiras'' que marcou o intervalo de tempo.

Com os anúncios das exonerações de Carlos Levy (Meio Ambiente) e Vera Hilst (Educação), ontem de manhã, esse é o saldo básico dos 13 primeiros meses da política de gestão de pessoas do prefeito Barbosa Neto (PDT), que, desde que assumiu o Executivo, em maio de 2009, já mexeu em nada menos do que em 17 cargos das administrações direta e indireta; 11 se livraram. Os números não consideram, porém, alterações em postos de escalões menores - onde as mudanças também deram a tônica nos últimos meses.


Se para o prefeito, nas mudanças realizadas, desempenho pessoal, ''azeite na máquina'' e um suposto senso ''saudável'' de competição entre a equipe são os argumentos mais utilizados, para estudiosos do setor de Gestão de Pessoas e Recursos Humanos a conotação é bem diferente. A FOLHA ouviu dois professores do curso de Administração da Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialistas na área, para os quais alterações constantes, em um primeiro momento, tendem a afetar a continuidade de políticas públicas que demandam tempo.


Na avaliação do professor Luciano Munck, as constantes alterações na equipe do governo municipal são negativas. ''Isso demonstra o seguinte: que tanto o critério de escolha dessas pessoas não foi observado, como um todo - no que tange ao perfil pessoal e profissional -, quanto, por outro lado, que há uma descontinuidade das políticas públicas. A pessoa que entra tem que aprender todo um processo - e, nisso, se perdem de três a seis meses de trabalho'', apontou.


Especialista em Gestão por Competências, Munck disse que a adaptação a uma nova função, contudo, demanda um tempo ainda maior: ''de quatro a oito meses, em termos de poder''. ''É saudável quando se tem uma permanência mínima de um a dois anos - aí, sim, se fazer troca, se preciso, com base em uma avaliação objetiva de resultados, com o critério político em segundo plano.''


Já para o especialista em Gestão de Pessoas Gerson Melatti, mesmo uma troca a cada quatro anos já pode refletir nas políticas públicas em andamento. E 22 nomes trocados em 13 meses? ''Isso é ruim; quando um governo tem um plano de ação, um Plano Plurianual (PPA), por exemplo, é para uma gestão que vai durar quatro anos. E se todos conhecem as metas, estão alinhados, tudo bem mudar um ou dois, mas, muito frequentemente, fica instável a situação'', opinou.

A exemplo de Munck, Melatti defende que indicadores de ocupantes de cargos em comissão, tais como secretários, tenham seu desempenho publicizado a partir de indicadores. ''A gestão pública tem que ser transparente até nisso. A alternância é muito importante, essencial para a democracia, mas, quanto mais o administrador tiver metas definidas de longo prazo, de vários anos, quanto menos mudar, melhor.''


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