O empresário Wesley Batista, um dos sócios do frigorífico JBS, disse que a empresa fez pagamentos de propinas mensais ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), entre o fim de 2009 e início deste ano. Os pagamentos somam R$ 20 milhões, uma média de R$ 3 milhões por ano, disse.
As afirmações foram feitas na delação premiada que o empresário firmou com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Wesley disse que o valor pago era um "overprice" (ou seja, um pagamento "por fora") de contratos que Kassab tinha com o frigorífico Bertin, herdados quando a JBS adquiriu a fábrica, no fim de 2009.
Segundo o empresário, eram dois contratos com Kassab, um legal, de aluguel de caminhões e com efetiva execução do trabalho, e o segundo seria um "complemento". "A JBS comprou Bertin no final de 2009 e ficou pagando o contrato de aluguel desses caminhões, mais um adicional de R$ 350 mil (por mês), que era propina, em que pese a JBS nunca teve nenhum negócio específico com Kassab", constou de anexo da delação. Questionado se o assunto foi discutido entre representantes da JBS e Kassab, Wesley afirmou que foram "várias vezes".
Em nota, o ministro negou todas as acusações. "Cumpre esclarecer que o ministro detém participação societária em empresa prestadora de serviços que opera dentro de estrita legalidade. Não houve qualquer recebimento de recursos pessoais pelo ministro, o que ficará devidamente comprovado", informou nota do ministério.