A vice-governadora, Emília Belinati (PTB), vai evitar discutir a venda da Copel (Companhia Paranaense de Energia) durante as duas semanas em que estará à frente do Executivo. Emília não quer aumentar as desavenças com o governador Jaime Lerner (PFL) e abrir uma crise política. A privatização, prevista para outubro ou novembro, é considerada o maior projeto de Lerner.
O argumento do Palácio Iguaçu é que os recursos vão capitalizar o fundo de previdência, que precisa de cerca de R$ 4 bilhões. Emília defende que a geração de energia deve permanecer sob o controle do Estado. Para não bater de frente com o governador, a vice não saiu a público defendendo sua posição nem deu entrevistas.
A 40ª interinidade da vice está sendo tranquila. A última manifestação de servidores reivindicando reajuste, protagonizada pelas mulheres dos policiais militares, já foi contornada. Os ataques da oposição - que pretendia impedir a posse de Emília - acabou neutralizada pelo recesso parlamentar. A bancada de oposição alega que, por conta das denúncias envolvendo seu marido, o prefeito cassado de Londrina Antonio Belinati (sem partido), Emília não deveria assumir o comando do Estado.
Na última sexta-feira - dois dias antes de Emília assumir o governo -, o Ministério Público de Londrina ingressou com ação civil pública contra 38 pessoas físicas e jurídicas, entre elas a vice-governadora, Antonio Belinati e o filho do casal, deputado estadual Antonio Carlos Belinati (PSL). Os réus são acusados de desviar recursos públicos no valor de R$ 270 mil. Parte do montante teria financiado a campanha de Antonio Carlos. A governadora em exercício nega a existência de depósitos irregulares em sua contas bancárias.
Emília está despachando no gabinete do governador, no terceiro andar do Palácio Iguaçu. Ontem, entre outras reuniões, recebeu o secretário da Segurança, José Tavares, e pediu um quadro detalhado da situação das delegacias e presídios no Estado, que sofrem com a superlotação.
Hoje pela manhã Emília embarca para Brasília (DF), chefiando uma comitiva composta por membros de entidades agropecuárias, deputados e prefeitos. A comitiva vai entregar ao Ministério da Agricultura o projeto "Arenito Novas Fronteiras", para desenvolvimento da região Noroeste do Estado. O projeto prevê parceria entre os governos municipais, estadual e federal, e envolve recursos de R$ 73 milhões. A contrapartida do governo federal é de R$ 46 milhões. Emília deve retornar a Curitiba no final da tarde.