O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta sexta-feira, 6, que não acredita que a presidente Dilma Rousseff esteja antecipando a campanha eleitoral de 2014, mesmo tendo reforçado a agenda de viagens Brasil afora. O ministro afirmou que não há "nenhuma antecipação por parte da presidenta Dilma", e que ela não pode ficar na "redoma de vidro" do Palácio do Planalto, sem manter contato direto com as pessoas.
"Ninguém pode ficar nessa redoma de vidro apenas recebendo informações intermediárias. É muito importante o contato com as pessoas. Ouvir as pessoas, ouvir os protestos, dialogar, faz parte constitutiva da democracia, do nosso estilo popular de governar. O que a presidenta Dilma fez foi exatamente dar continuidade a essa prática de governar perto das pessoas, não ter medo das pessoas", afirmou o ministro a jornalistas, após participar de reunião com o Movimento Paz & Proteção no Palácio do Planalto.
A fala do ministro vem após o Estado informar nesta sexta que a presidente Dilma Rousseff quebrou o recorde de viagens nacionais feitas desde que assumiu o cargo. Com as idas a Aracaju (SE) e São Bernardo do Campo (SP), Dilma completou 71 deslocamentos domésticos em 2013, dos quais 45 ocorreram no segundo semestre, após a onda de protestos nas ruas do País.
O número de viagens em 2013 supera o de 2011 (69 viagens) e o de 2010 (50) e será incrementado na próxima semana, quando estão previstos eventos em pelo menos quatro cidades: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Velho e Ji-Paraná (RO).
"Eu não acho que há nenhuma antecipação por parte da presidenta Dilma. Nós temos uma base de apoio e é natural que a presidenta cultive essa relação. Ela já foi muito criticada por não fazer política, por não cultivar as relações. O que ela está fazendo é buscar reforçar essa base aliada", afirmou Carvalho.
Na semana passada, a presidente participou de três eventos em Santa Catarina, governado pelo PSD. A sigla foi a primeira a oficializar o apoio à reeleição de Dilma.
"Foi graças às viagens do presidente Lula, que era considerado como uma pessoa que não gostava de trabalhar, que gostava de viajar, que nós pudemos transformar tanta coisa no País", disse Carvalho.
Para o ministro, se a presidente vai mais a Minas ou ao Rio Grande do Sul, isso está "muito ligado ao tipo de obra que fica pronta, ao tipo de convite que você recebe".
"Você não tem um planejamento que diz 'Bom, agora eu vou lá, porque lá tem um candidato'. Não é assim que funciona. O governo age em função de uma lógica que muitas vezes é demandada também pelos Estados e insisto, pelos cronogramas de obras que você vai inaugurando. Ela viaja mais porque é natural que no terceiro ano você tenha entregas a fazer. Graças a Deus", comentou.
Colégios eleitorais. Conforme informou o Estado, as viagens presidenciais têm privilegiado os grandes colégios eleitorais. Dos 71 deslocamentos domésticos de Dilma neste ano, 30 foram para Estados da região Sudeste. Em Minas Gerais, Estado de um dos principais opositores de Dilme e provável candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, a presidente dobrou o número de viagens - foram oito realizadas neste ano até aqui, ante quatro no ano passado.
Na próxima segunda-feira, Dilma deve retornar a Minas para anunciar, em Belo Horizonte, investimentos em obras de mobilidade urbana, repetindo roteiro já feito em São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Curitiba e Guarulhos só neste ano.