A presidente Dilma Rousseff decidiu convocar senadores e líderes da base aliada do Senado para um jantar na segunda-feira, 10, a fim de defender o papel da Casa na construção de uma agenda de governabilidade. No encontro, que será realizado no Palácio do Alvorada, a petista pretende pedir o apoio deles na retomada de ações para reverter as crises política e econômica.
Desde que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompeu com o Palácio do Planalto há três semanas na esteira da divulgação de uma delação premiada na Operação Lava Jato, o Palácio do Planalto já havia definido que precisava intensificar as ações com os senadores, em especial com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Foi definido se reforçar a posição do Senado após a derrota esta semana na Câmara da proposta que vincula reajuste de servidores da AGU ao dos ministros do STF. O foco imediato do governo é construir uma saída com o próprio Renan para votar o projeto que acaba com a política de desoneração da folha de pagamento. A proposta, que tem tido resistências do PMDB, é o primeiro item da pauta do Senado na terça-feira, 11.
Dilma reuniu-se com Renan na quinta-feira, 6, para lhe pedir apoio para barrar a aprovação, no Senado, de propostas que tenham impacto para os cofres públicos, as chamadas "pautas-bomba". O peemedebista, por seu lado, cobra do governo uma agenda do chamado para superar o ajuste fiscal, o qual classificou de "tacanho". "Renan já está desempenhando o papel de fiador da governabilidade", afirmou um aliado de Dilma.
O presidente da Comissão do Pacto Federativo do Senado, o petista Walter Pinheiro (BA), espera que o jantar com Dilma permita o avanço de projetos para a confiança na economia do País. "Não é pauta da Lava Jato, do TCU, de partido nem para salvar a pele de ninguém", disse. "Quero saída para o Brasil", completou.
Pós-ajuste
O governo destacou os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, para construir com os senadores um pacote de pós-ajuste. Levy almoçou na terça-feira, 4, com Renan e parlamentares e ficou de apresentar na próxima semana uma agenda econômica baseada em quatro eixos: uma proposta fiscal, um marco para a infraestrutura, um ambiente de facilitação dos negócios e ações na área social.
Em outra investida, Nelson Barbosa também atua para contribuir com a agenda. Ele se reuniu nesta sexta-feira, 7, com o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), para discutir iniciativas a serem discutidas nos próximos dias ao Congresso, como a proposta que permite a regularização de ativos de brasileiros não declarados no exterior. Técnicos da área econômica passaram o dia de hoje em reunião com assessores da liderança do governo tentando fechar um texto para ser apresentado para votação em plenário na terça-feira, 11.
Antes do jantar com Dilma e senadores, o ministro do Planejamento terá uma reunião com o presidente do Senado na manhã da segunda-feira para tratar das pautas que compõem o ajuste fiscal, além de outras medidas da agenda do crescimento que serão enviadas. Barbosa discutirá ainda a projeto de lei que altera a meta de superávit primário deste ano e a proposta de lei orçamentária de 2016, que será enviada no final do mês ao Congresso.
A área econômica do governo se movimenta para garantir medidas pós-ajustes com o objetivo de garantir a retomada do crescimento mais rapidamente. Joaquim Levy tem insistido no discurso de que as duas agendas já estão em curso. Ele está com a proposta praticamente pronta de reforma do PIS e Cofins e que enviá-la ao Congresso ainda em agosto. Levy também intensificou as conversas com os governadores para as negociações do ICMS.