Política

Denúncia de ex-funcionária levou à prisão de executivos da Arxo

07 fev 2015 às 09:56

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, reconheceu, no despacho em que autorizou a prisão de três executivos da Arxo Industrial, aparente ressentimento de uma ex-funcionária da empresa, demitida antes de denunciar os investigados. No entanto, Moro entendeu que o fato não desacredita as informações prestadas pela testemunha.

De acordo com o Ministério Público Federal, Gilson João Pereira e João Gualberto Pereira, sócios da empresa, e Sergio Ambrosio Marçaneiro, diretor-financeiro, pagavam propina para obter contratos com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Todos estão presos na Superintendência da Policia Federal em Curitiba.


No dia 16 de janeiro, Cíntia Provesi Francisco procurou o Ministério Público Federal (MPF) voluntariamente para denunciar os executivos. Aos investigadores, ela relatou que a empresa pagava propina de 5% a 10% nos contratos com a BR Aviation, divisão da Petrobras que atua no abastecimento de aeronaves.


Cintia trabalhou na parte financeira da Arxo de janeiro de 2012 a novembro do ano passado. Segundo ela, ao deixar a empresa, negociações de pagamento de propina continuavam em curso.


A ex-funcionária afirmou que os pagamentos ocorriam por meio de Mário Goes, investigado que teve mandado de prisão expedido na nona fase da Operação Lava Jato e está foragido. Para dar aparência de licitude aos contratos, a Arxo usava notas fiscais frias compradas de terceiros, segundo a denúncia.


Ao deferir os pedidos de prisão preventiva dos acusados, o juiz Sérgio Moro entendeu que as declaracões de Cintia são ricas em detalhes e não podem ser desprezadas.


"O relato de Cíntia Provesi Franscisco, por sua vez, além de convergir no ponto com o de Pedro Barusco [ex-gerente da Petrobras], encontra amparo parcial em documentos por ela apresentados e também na prova colecionada pelo Ministério Público Federal, com destaque para os resultados da quebra fiscal. Aparentemente, ela é movida por ressentimento em relação à empresa, que a teria demitido, mas isso não retira o crédito de seu depoimento. Em relação a Mario Goes, aliás, não haveria motivos para ressentimento, já que ele seria intermediador da propina e não empregador da testemunha", disse Moro.

Segundo o advogado Leonardo Pereima, os sócios da empresa nunca pagaram propina para a Petrobras e não tiveram contato com o ex-gerente da estatal Pedro Barusco e com o ex-diretor de Serviços Renato Duque. Para a defesa, as acusações decorrem apenas de vingança da ex-funcionária do departamento financeiro, demitida por desviar cerca de R$ 1 milhão, segundo ele.


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