O delegado de Fazenda Rio Grande (Região Metropolitana de Curitiba), José Carlos de Oliveira, enviou à Justiça os quatro inquéritos criminais que apuram a suposta participação do ex-prefeito Celso Rocha (PSB) em desvio de dinheiro público para benefício próprio. Os autos foram remetidos para dilação de prazo.
"O inquérito tinha um prazo de 30 dias para ficar pronto, mas ainda temos que fazer algumas diligências e temos muitas pessoas que precisam ser ouvidas. Por isso estamos pedindo mais 30 dias de prazo para encerrar os inquéritos", justificou o delegado.
O ex-prefeito é acusado, junto com o ex-secretário municipal de Finanças Emílio Sakuna e o ex-contador Luiz Gonzaga Boarão, de improbidade administrativa, estelionato, peculato (desvio de dinheiro público), formação de quadrilha e enriquecimento ilícito. Em depoimento na semana passada, Rocha admitiu ter desviado dinheiro de alguns setores para cobrir rombos ocasionados em outros. Este teria sido o caso dos recursos recebidos do Ministério da Saúde para a construção do posto de saúde Iguaçu.
Os R$ 64 mil do governo federal que deveriam ter sido usados na construção da unidade de saúde teriam sido alocados em outras obras prioritárias. "Usei em outras obras. Jamais houve desvio de recursos em benefício próprio", afirmou ele, sem saber exemplificar as obras nas quais os recursos foram empregados.
Sakuna teria afirmado em depoimento dado à Polícia Civil, que nunca teve conhecimento de desvio de recursos. Todos os papéis eram encaminhados pelo tesoureiro e diretor da contabilidade, Fabiano Pinheiro. Para esclarecer os fatos relatados nos inquéritos, Oliveira aguardará o retorno dos autos para intimar Pinheiro e outros dois ex-secretários para prestar depoimentos. Também serão intimados o ex-secretário municipal de obras Cleiton Zonato e a ex-secretária municipal de Educação Cleusa Maria Baldan. "Todos foram citados e precisam ser ouvidos nos inquéritos", afirmou o delegado.
Ainda não se sabe o valor do suposto desvio de recurso apontado nos inquéritos em andamento e em novas denúncias que estão sendo analisadas pela Procuradoria Municipal, mas estima-se que seja algo em torno de R$ 30 milhões. Num dos quatro inquéritos que estão tramitando na delegacia, a prefeitura é acusada de fazer descontos de R$ 196 mil dos salários dos funcionários para ressarcir empréstimos de servidores junto a uma empresa de financiamento de crédito. Apesar de ter descontado em folha, os valores nunca foram repassados para a empresa. Celso Rocha alega que os recursos foram usados para o pagamento dos salários de dezembro e do 13º do funcionalismo público municipal. Ainda são relatados casos de licitações fraudulentas e notas fiscais frias de empresas fantasmas que teriam prestado atendimento à Prefeitura Municipal.