Política

"Declarações são precipitadas", afirma Jucá sobre manifestação do DEM

23 mai 2016 às 14:39

O ministro do Planejamento, Romero Jucá, considerou precipitadas as declarações de parlamentares do DEM, da base de apoio ao governo Michel Temer, sobre a sua saída do governo. Citando o deputado Pauderney Avelino (AM) e o senador Ronaldo Caiado (GO), Jucá disse que não será pautado pelas posições dos parlamentares.

Para o ministro, se o DEM tem essa posição (pela sua saída do ministério), outros partidos têm outros posicionamentos. "É importante que as coisas sejam esclarecidas. O Pauderney estava sendo atacado recentemente e nem por isso desconfiei dele. Não pauto minhas decisões por posição individual de qualquer parlamentar, mas pela minha consciência. É no mínimo precipitado se pedir qualquer providência antes que algo seja provado", afirmou, durante entrevista coletiva para esclarecer o vazamento de uma conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.


Nesta segunda-feira, 23, o jornal Folha de S. Paulo divulgou a conversa na qual Jucá sugere a existência de um pacto para obstruir a operação Lava Jato.


Em entrevista coletiva à imprensa, Jucá tentou ainda diferenciar os impactos que as investigações da Operação Lava Jato tiveram no governo da presidente afastada Dilma Rousseff dos efeitos que as suspeitas podem ter no governo Temer.


"Da minha parte entendo que uma coisa é operação Lava Jato no governo do PT, que tem a direção do partido envolvido. Outra coisa é a Lava Jato no governo Temer, que tem algumas pessoas mencionadas", argumentou. "Não sou réu no processo, não cometi nenhum tipo de delito. Não tenho foco na Lava Jato e não perco um minuto do dia com preocupação com a operação", completou.


Por isso, Jucá disse estar tranquilo no cargo de ministro. "Se surgir algo concreto contra alguém, isso será avaliado. Estou tranquilo, mas cargo de ministro é do presidente Temer. Não nasci ministro do Planejamento e não vou morrer ministro, espero", brincou. "Não me sinto atrapalhando o governo, pelo contrário, me sinto ajudando", concluiu.


Aécio Neves


Jucá afirmou que, ao citar ajuda ao senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), em conversa vazada com Sérgio Machado, estava referindo-se ao acordo político para elegê-lo presidente da Câmara ainda na década passada.


"Falamos de ajuda a Aécio para elegê-lo a presidente da Câmara, em acordo para Jader Barbalho (PMDB-PA) ser presidente do Senado. Na época, tivemos uma costura política grande", argumentou.


Na conversa vazada, ao falar de investigações contra a classe política, Machado teria afirmado que Aécio seria "o primeiro a ser comido". "Machado disse que Aécio seria o próximo a ser pego, mas eu não concordei e nem discordei", desconversou Jucá.


Janot


O ministro do Planejamento elogiou a atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "Entendo que Janot faz excelente trabalho e a Procuradoria Geral da República tem que ter autonomia para investigar quem quiser", disse. Ele afirmou ainda que votou e ajudou na recondução de Janot no Senado.


Jucá frisou que o procurador ainda não apresentou nenhuma denúncia contra ele. "Não posso responder pelo Ministério Público", afirmou. Jucá disse, mais uma vez, que não há demérito em ser investigado e que, numa democracia plena, qualquer servidor pode e deve ser investigado se houver dúvidas ou questionamentos. "Não há nenhum demérito em ser investigado, todos podem ser. O demérito é ser condenado", afirmou.

Jucá disse ainda que não tem medo de ser investigado e que não "deve nada a ninguém". "Se tivesse medo ou telhado de vidro, não teria assumido a presidência do PMDB em momento de conflito com o PT. Se tivesse medo de briga, não entraria nesse processo como entrei", destacou.


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