Política

Crise na Codel não impede Câmara de aprovar "pacotão" de doações

18 dez 2013 às 16:56

Os vereadores aprovaram em primeiro turno, durante a sessão extraordinária desta quarta-feira (18) da Câmara Municipal de Londrina, onze projetos de lei, de autoria do Executivo, que preveem a doação de terrenos públicos para empresas que já estão na cidade e pretendem expandir os seus negócios ou àquelas que têm o interesse de se instalar no município. São mais de 80 mil metros quadrados de área pública a serem doados. A crise no Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), palco de um suposto esquema de cobrança de propina, não impediu os parlamentares de aprovar o "pacotão" de doações. As irregularidades, divulgadas pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na última semana, apontam para o pagamento de vantagem indevida a servidores públicos justamente para facilitar a doação de terrenos públicos a empresas. "Ficou claro que não podemos penalizar os empresários pelo infeliz episódio", defendeu a líder do prefeito no Legislativo, vereadora Elza Correia (PMDB).

Desde que a crise na Codel explodiu, prefeitura e Câmara se reuniram diversas vezes para discutir o que fazer com os projetos de doação de terrenos. As matérias chegaram a ser retiradas de pauta para a reavaliação. Também foi cogitada a possibilidade de que as iniciativas só voltassem a ser discutidas no próximo ano, após recesso parlamentar. O município, no entanto, reanalisou todos os projetos e descobriu que apenas um deles apresentava indícios de irregularidade. O que tratava da doação de um terreno para a empresa Artlondre, que tem como dono Dorival Pereira, preso na última semana acusado de participar do esquema de cobrança de propina. "Tivemos a interrupção da discussão por causa das investigações, mas vale lembrar que os projetos tramitam na Casa há mais de 30 dias. Precisamos dos projetos para ampliar o nosso parque industrial, gerando emprego, renda e produtos até para exportação", destacou a vereadora Sandra Graça (PP).


O presidente da Câmara, vereador Rony Alves (PTB), definiu a aprovação dos projetos como um "voto de confiança" à administração do prefeito Alexandre Kireeff (PSD). "A prefeitura realizou uma operação pente-fino nos projetos e não encontrou nada de irregular. Temos que respeitar o Ministério Público e as investigações, mas acredito que se algum fato irregular envolvendo essas empresas tivesse sido cogitado, ele já teria sido comunicado a esta Casa", argumentou.


A única vereadora que usou o plenário para se manifestar contrariamente aos projetos foi Lenir de Assis (PT). "Seria extremamente prudente que votássemos estes projetos no próximo ano, depois que os fatos envolvendo as investigações forem esclarecidos. Não concordo com este método utilizado", ressaltou.

Apesar do apelo da petista, todos os projetos foram aprovados pelos vereadores. Vão ser beneficiadas com os terrenos públicos as empresas Dialli Distribuidora de Alimentos Ltda., AFK Confecções Ltda., I.R. de Oliveira & Mendes Ltda., Diflex Distribuidora de Alimento Ltda., GTEMAQ Equipamentos Ltda., Duque e Duque Ltda., Tom Luz Iluminação Ltda., Maparv Comércio de Peças Ltda., Microsens Ltda. e Indústria e Comércio de Madeiras Carrilho, além da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).


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