Política

CPI do Narcotráfico indicia 104 no Paraná

06 dez 2000 às 08:41

O relatório final da CPI Nacional do Narcotráfico confirma o indiciamento de 97 pessoas e sete empresas do Paraná, cujo seus nomes têm algum relacionamento com o crime organizado. No documento oficial aprovado ontem no Congresso Nacional, que consta com 807 indiciados, de cada oito citados pelo menos está no estado.

Entre os nomes citados estão ex-secretário Cândido Martins de Oliveira e os delegados João Ricardo Kepes Noronha, Mário Ramos, Kioshy Hattanda - todos de Curitiba -, Emílio Wzorek (Ponta Grossa) e diversos policiais. Além disso, estão na mesma lista os empresários Joarez França Costa (conhecido como Caboclinho) e Paulo Mandelli, ambos acusados de envolvimento com o crime organizado. Outro nome citado é o advogado Antônio Pelizetti.


"Os nomes no relatório são resultados da apuração da CPI e também são pessoas citadas pelo Ministério Público", explicou o deputado federal Padre Roque Zimmermann (PT), que integrou a comissão. Dos nomes no relatório, 39 são resultados da vinda da CPI ao Paraná, entre os meses de fevereiro e março. Os outros restantes são fruto de denúncia de promotores estaduais, que encaminharam os processos para serem anexados ao trabalho da comissão. Alguns dos processos já estão correndo na Justiça.


Padre Roque explicou que com o fim da CPI, os parlamentares vão encaminhar cópias do nomes das pessoas e empresas, nos próximos dias, à Procuradoria Geral da República, que deverá enviar as acusações para o Ministérios Público Federal de cada estado. Junto, também será aberto espaço para uma investigação por parte da Polícia Federal, Receita Federal e Banco Central.


O parlamentar entende que as investigações feitas até o momento não encerram o caso. "Agora a população deve pressionar para o que trabalho se encerre e puna os culpados. E a pressão deve ser maior no Paraná", afirmou. De acordo com o deputado, no Estado as apurações foram "superficiais, em função do envolvimento de policiais com o crime organizado". No relatório, este problema é mencionado. Em um trecho foi escrito que em "muitas vezes foi muito difícil detectar a fronteira existente entre o policial e o bandido, tal a promiscuidade existente."


"Por isso, o trabalho mais detalhado sobre o crime organizado no Paraná deverá ser fruto das investigações feitas na Assembléia Legislativa", disse o deputado federal Padre Roque Zimmermann. "O alvo acabou sendo a Polícia Civil, onde era mais evidente a ação do narcotráfico", afirmou Padre Roque.


Na avaliação do parlamentar, o governo do estado não ajudou o processo de apuração. "Os delegados e policiais do Grupo Fera (Força Especial de Repressão Antitóxicos) e os promotores da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) foram a exceção, que possibilitou uma investigação mais apurada", afirmou.

No entanto, em entrevista anteontem à Folha, o delegado-geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, disse que estão abertos 60 processos e inquéritos administrativos contra policiais citados na CPI. Ribeiro disse que os policiais sob suspeita estão afastados ou trabalhando sob a fiscalização de seus superiores.


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