Política

CPI do Banestado ouve ex-diretora do BC

16 abr 2003 às 08:56

A ex-diretora de Fiscalização do Banco Central (BC) Teresa Grossi presta nesta quarta-feira seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Assembléia para investigar irregularidades no Banestado.

Teresa foi uma das autoridades do BC mais envolvida na questão da privatização dos bancos estaduais ocorridas durante o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).


Segundo o presidente da CPI, Neivo Beraldin (PDT) a ex-diretora do BC terá que explicar por que o BC não interveio no Banestado em 1998, quando o banco registrou um prejuízo médio de R$ 2,8 bilhões.


''Isso é um sinal claro de que o BC foi omisso em sua responsabilidade. Levando em conta que funcionários do BC tinham até uma sala dentro da sede do Banestado em Curitiba, é impossível acreditar que a diretoria de Fiscalização não sabia do prejuízo'', afirmou Beraldin.


Para o deputado, a não-intervenção na época é um indício de que o BC estava interessado na privatização do Banestado.


''Foi uma estratégia clara para enfraquecer o banco. Ainda mais porque o Itaú, que acabou comprando o Banestado, foi o banco que mais deu lucro no período'', acredita Beraldin.


O pedetista lembrou que R$ 570 milhões do prejuízo do Banestado em 1998 foram resultado de empréstimos feitos pelo banco que nunca foram pagos.


Nesta quarta-feira, Beraldin pretende encaminhar ao Tribunal de Justiça (TJ) um pedido de quebra de sigilo bancário de 11 empresas que teriam sido beneficiadas com empréstimos sem apresentar as garantias necessárias ou que tiveram sua dívida reduzida após acordos com o Banestado.


A decisão de quebrar o sigilo causou polêmica na semana passada. Os deputados Nelson Justus (PFL) e Elza Correia (PMDB) reclamaram de Beraldin, que pôs em votação o pedido de quebra de sigilo sem que os outros parlamentares soubessem quais as empresas que seriam investigadas ou os motivos da quebra.


Para contornar o mal-estar, o presidente da CPI convocou os outros membros da comissão para uma reunião preliminar na tarde desta terça-feira.


"Vamos conversar e ver o que já temos de informação e qual a melhor estratégia na hora do depoimento'', explicou Beraldin.


A decisão agradou Elza, que é relatora da CPI. ''Manifestamos nosso descontentamento na semana passada. É mais interessante que todos falem a mesma linguagem e tenham o mesmo grau de informação'', comentou Elza.


Já o deputado Nelson Justus (PFL), não digeriu ainda a forma como Beraldin conduziu a sessão da semana passada.


''Tive o cuidado de comparecer a outras CPIs, e vi que os outros depoentes são tratados com elegância e fidalguia, o que não vem ocorrendo na CPI do Banestado. Acho que os holofotes queimaram os neurônios de alguém'', disparou Justus.

''Temos que lembrar que outras pessoas já foram injustiçadas nas CPIs'', salientou o pefelista.


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