O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PTB), não cedeu aos apelos da Igreja Católica e manteve a data de votação do projeto de iniciativa popular que impede a venda da Copel para a próxima terça-feira, dia 14. Brandão recebeu, pela manhã, o arcebispo de Curitiba, Dom Pedro Fedalto, e o bispo da arquidiocese da Capital, Dom Ladislau Bienarski, além dos organizadores dos Fórum Popular Contra Venda da Copel. Eles foram pedir o adiamento da votação para 4 de setembro, mas Brandão permaneceu irredutível.
"Assumi o compromisso público de votar a matéria antes do dia 15. E só atrasaremos se houver impedimentos técnicos", resumiu.
O projeto seria apreciado pela Comissão de Finanças, mas não houve quórum para a reunião. O líder do governo, Durval Amaral (PFL), decidiu se prevenir contra manobras da oposição para atrasar a tramitação e pediu regime de urgência, aprovado por 26 votos contra um. A bancada de oposição se retirou do plenário. O único voto contrário foi do líder dos partidos de oposição, Waldyr Pugliesi (PMDB). "Muitas vezes, a mudança é filha da sabedoria", declarou o peemedebista, ao lamentar a posição de Brandão.
A oposição quer adiar a votação porque precisa de mais votos para aprovar o projeto popular. Pode usar expedientes regimentais, como pedidos de vistas, na tentativa de atrasar a votação. O comitê do PMDB contra a venda da Copel vai divulgar uma lista com os nomes dos favoráveis à privatização. A pedido dos deputados Ricardo Chab (PTB) e Luis Carlos Alborguetti (PTB), o partido vai aguardar 48 horas para fechar os nomes. A oposição tem esperança que os dois parlamentares - que são da base do governo - votem contra a venda da estatal de energia.
O presidente da Comissão de Finanças, Ademir Bier (PMDB), disse que vai convocar sessão extraordinária da comissão para quinta ou sexta-feira. O parecer será favorável, adiantou o deputado. A pedido da liderança do governo, o plenário deverá ser transformado em comissão geral na terça e quarta-feira próximas, para agilizar a votação da matéria.
O vereador Almiro Uchôa (PPS), de Cambé (base eleitoral de Durval Amaral) entregou ontem ao líder governista um documento assinado por 14 dos 15 vereadores da Câmara do município, contra a privatização. "Respeito a manifestação", disse Amaral, acrescentando que não muda sua posição e que a venda da estatal é necessária para estancar o déficit previdenciário de R$ 100 milhões mensais.
Integrantes do comitê do PMDB contra a privatização ocuparam as galerias para protestar contra a venda, levando faixas e cartazes defendendo a manutenção da empresa nas mãos do Estado. Nesta quinta-feira, a organização do Fórum Popular pretende se reunir com Amaral, para tentar convencer o governo a alterar a data da votação.