O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fábio Cleto, um dos delatores da Operação Lava Jato, foi obrigado a assinar uma carta de renúncia, que seria apresentada caso ele não atendesse aos pedidos de repasse de propina.
Segundo Janot, a carta foi apresentada por um sócio do doleiro Lúcio Funaro, preso hoje (1º) na Operação Sépsis. De acordo com o procurador, logo após ser informado de que Fábio Cleto seria nomeado para o cargo, Funaro o chamou para uma reunião, na qual três vias de uma carta de renúncia ao cargo foram apresentadas ao então vice-presidente da Caixa.
"As três vias da carta, que ficaram com Alexandre Margotto [sócio de Funaro], eram uma espécie de 'garantia': caso qualquer solicitação não fosse acatada por Cleto, Funaro apresentaria a carta, levando à renúncia do cargo e à indicação de outra pessoa", disse Janot.
Em depoimento de delação premiada, Fábio Cleto afirmou que o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebia 80% da propina arrecadada entre empresas interessadas na liberação de verbas do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
Defesa
O advogado Daniel Gerber, representante de Funaro, disse à Agência Brasil que o doleiro não tem participação nos fatos. "Lúcio Funaro é inocente das acusações que o delator lhe imputa e irá provar inocência no curso do processo. Assim que tivermos acesso aos autos, esperamos demonstrar este equívoco ao ministro [Teori Zavascki] e ao Supremo Tribunal Federal", acrescentou.
Em nota, Cunha negou as acusações de recebimento de propina e desafiou Fábio Cleto a provar as acusações.