Política

Cleto assinou carta de renúncia para garantir repasse de propina, diz Janot

01 jul 2016 às 19:18

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fábio Cleto, um dos delatores da Operação Lava Jato, foi obrigado a assinar uma carta de renúncia, que seria apresentada caso ele não atendesse aos pedidos de repasse de propina.

Segundo Janot, a carta foi apresentada por um sócio do doleiro Lúcio Funaro, preso hoje (1º) na Operação Sépsis. De acordo com o procurador, logo após ser informado de que Fábio Cleto seria nomeado para o cargo, Funaro o chamou para uma reunião, na qual três vias de uma carta de renúncia ao cargo foram apresentadas ao então vice-presidente da Caixa.


"As três vias da carta, que ficaram com Alexandre Margotto [sócio de Funaro], eram uma espécie de 'garantia': caso qualquer solicitação não fosse acatada por Cleto, Funaro apresentaria a carta, levando à renúncia do cargo e à indicação de outra pessoa", disse Janot.


Em depoimento de delação premiada, Fábio Cleto afirmou que o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebia 80% da propina arrecadada entre empresas interessadas na liberação de verbas do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).


Defesa


O advogado Daniel Gerber, representante de Funaro, disse à Agência Brasil que o doleiro não tem participação nos fatos. "Lúcio Funaro é inocente das acusações que o delator lhe imputa e irá provar inocência no curso do processo. Assim que tivermos acesso aos autos, esperamos demonstrar este equívoco ao ministro [Teori Zavascki] e ao Supremo Tribunal Federal", acrescentou.

Em nota, Cunha negou as acusações de recebimento de propina e desafiou Fábio Cleto a provar as acusações.


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